O que é determinismo nominativo e como a ciência o enxerga?

Um estudo publicado no periódico Journal of Personality and Social Psychology descreve uma forte correlação entre a primeira letra do nome das pessoas e sua escolha profissional ou de cidade de residência. Esse fenômeno é conhecido como determinismo nominativo.

Diversas correntes, sejam místicas ou psicológicas, estudam como nossos nomes podem influenciar nossa personalidade e tomadas de decisão. Neste caso, longe dos tabuleiros numerológicos, parece haver uma relação positiva nessa afirmação, mas não pelos motivos que você imagina.

Como você escolheu sua profissão? (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Um nome, logo, uma profissão?

Segundo a teoria do determinismo nominativo, as pessoas podem sofrer a influência das iniciais de seus nomes na hora de escolher seu futuro profissional. Por exemplo, haveria mais chances de um José ser jornalista do que confeiteiro.

Mas esse fenômeno também pode se estender para a inicial do sobrenome. Assim, um Ancelmo Barreto, poderia tranquilamente ser um bioquímico ou morar na cidade de Barretos, pois a inicial também poderia influenciar na decisão da cidade, estado ou país de moradia.

Claro que nem todos os Josés, Joões ou Josués são jornalistas, eles podem ser jardineiros. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Mas será que há algo de científico nisso ou é apenas fruto das coincidências e acasos? Segundo estudos de psicologia e comportamento humano, esse determinismo pode estar ligado à nossa necessidade de identificação.

Determinando uma relação

O estudo da Associação Americana de Psicologia utilizou modelos de linguagem treinadas no banco de dados Common Crawl para rastrear e analisar relações entre nomes, profissões e cidades de residência.

As informações foram obtidas no X (ex-Twitter), Google News e Google Books. Ao todo foram selecionados 3.410 nomes, 508 profissões e 14.856 cidades.

Segundo seu nome, qual seria sua profissão? (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Para que correlações pudessem ser mais fidedignas, foram excluídos os dados de pessoas que trabalhavam em locais com nomes correspondentes, a exemplo, Paulo Martins na empresa Martins e filhos. Isso porque já era esperado que a herança ocupacional fosse mantida.

Os resultados acabaram corroborando para a teoria e mostraram que o fenômeno era mais predominante para pessoas do sexo masculino e em relação à inicial dos seus sobrenomes.

Já na população feminina, às escolhas profissionais estão mais ligadas a inicial do nome, inclusive, houve um aumento da correlação no final do século, que se acredita estar ligado ao maior movimento de entrada das mulheres no mercado de trabalho.

Futuro determinado?

Apesar dos resultados terem sido a favor da teoria, isso não significa que os achados são replicáveis em todos os lugares. Sempre bom lembra que correlação não é causa.

O nascimento dos sobrenomes tem origem nas ocupações familiares, então não seria estranho que uma profissão estivesse intimamente relacionada com o nome de seu praticante.

A grosso modo, nos países anglo-saxões seria óbvio encontrar um Philip Blacksmith trabalhando com ferraria. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Além disso, há um fenômeno comportamental na psicologia chamado de "egoísmo implícito", onde buscamos por identificação em diversas áreas da nossa vida. Sempre procuraremos por algo que nos espelhe de algum jeito.

O famoso e temido e livre-arbítrio também entra na equação, por isso ainda que se estime que o determinismo nominativo seja um comportamento inconsciente, você sempre poderá fazer uma escolha lógica e consciente.

E você, seu nome se correlaciona com sua profissão e cidade?