“Ela se alimentava da alma e da vida das pessoas”, diz escritor e amigo de Nélida Piñon

“Ela se alimentava da alma e da vida das pessoas”, diz escritor e amigo de Nélida Piñon

Em um dos locais preferidos de Nélida Piñon, onde ela esteve pela primeira vez aos 9 anos de idade, a vida e a obra da escritora brasileira foram, dessa vez, o destaque. O Theatro Municipal do Rio de Janeiro recebeu, nesta quinta-feira (27), uma homenagem à carioca que completaria 90 anos em 2024 e que dedicou a vida à palavra e aos afetos. Com cerca de 1h20 de duração, o espetáculo “Tenho apetite de almas”, uma frase dita por Nélida Piñon aos 17 anos de idade, abordou vida e obra da poetisa e passeou por músicas que marcaram a história dela, ao som da Orquestra Sinfônica Jovem. O roteiro e o texto da homenagem foram de Gabriel Chalita, escritor, advogado, filósofo, político brasileiro e amigo pessoal de Nélida Piñon. “Eu era muito amigo dela, conhecia a Nélida desde que eu era adolescente. Conheço toda a obra dela. O difícil foi resumir porque tudo o que envolve a escritora é de uma densidade imensa”, destacou Chalita. Em entrevista à CNN, ele falou da amiga com emoção no olhar: “Ela era uma escritora que se alimentava da alma e da vida das pessoas, tinha algo muito bonito nisso. Participar dessa celebração, com essa mulher, com esse apetite de almas, com esse respeito ao ser humano, é lindo”. Para interpretar os ditos de Nélida Piñon ao longo da vida, a convidada foi a atriz Totia Meireles. À CNN, Totia disse que foi uma honra mergulhar na história de um dos grandes nomes da literatura brasileira. “Eu conhecia a Nélida, mas não tinha intimidade com a obra dela. Quando recebi o convite, eu fiquei muito honrada e comecei a mergulhar no mundo da Nélida. Estou apaixonada, enlouquecida”, afirmou a atriz. A homenagem à escritora, que é uma das premiadas do Brasil e mais traduzidas no mundo, foi apresentada pelo Sesc/RJ em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura do Rio de Janeiro. Nélida Piñon morreu em dezembro de 2022 e foi a primeira mulher em cem anos a presidir a Academia Brasileira de Letras (ABL). Angariou prêmios internacionais e está entre os grandes escritores do continente. Ela dizia que a “literatura faz bem para o sentir, para o pensar”.