O ex-deputado estadual do Paraná e empresário Antônio Celso Garcia, conhecido como Tony Garcia, detalhou o modo do foi articulado o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que perdeu o seu cargo no dia 31 de agosto de 2016. “Foi como em uma conversa de botequim”.
Em entrevista à ISTOÉ, Tony Garcia explicou que conhecia de longa data o ex-deputado federal Valdir Rossoni (PSDB-PR). “Como eu era próximo do então presidente da Câmara Eduardo Cunha, ele entrou em contato comigo para fazer a intermediação entre os dois”, acrescentou.
“Eu fui procurado por volta das 14h10 (do dia 2 de dezembro de 2015) pelo Valdir Rossoni. Ele escreveu, por meio do WhatsApp, que havia acabado de sair de um almoço na casa do Aécio Neves, onde também estavam o deputado federal Carlos Sampaio, então líder do PSDB na Câmara, e outros quatro ou cinco parlamentares”, completou.
Na época, segundo o empresário, já havia o risco de Eduardo Cunha ter o seu mandato cassado pelo Conselho de Ética da Câmara. “O Valdir pediu para eu passar o recado ao Cunha de que, se ele colocasse o processo de impeachment da Dilma no plenário naquele mesmo dia, daria dois votos contrários na ação de cassação. Foi um ato de barganha, toma lá dá cá”, afirmou.
Ainda de acordo com o empresário, Eduardo teria confirmado o suposto esquema com Carlos Sampaio e iria decidir o que faria. “Algumas horas depois, pergunto para ele: ‘Você vai ou não levar o processo de impeachment para o plenário?’ E ele me respondeu: ‘Eu já decidi’, Então questionei: Monocraticamente’. O Eduardo afirmou: ‘Sim’”.
Cerca de quatro horas depois, no mesmo dia 2 de dezembro, Eduardo Cunha anuncia no plenário da Câmara que acolheu o pedido do jurista Hélio Bicudo para o impeachment de Dilma Rousseff, que teria cometido as chamadas “peladas fiscais”, manobras de atrasar os repasses a bancos públicos a fim de cumprir as metas parciais da previsão orçamentária.
Porém, em 2022, o MPF (Ministério Público Federal) arquivou o inquérito civil de “pedaladas fiscais” contra a ex-presidente.
“Ao tomar a decisão monocrática, Eduardo Cunha pegou todo o louro do caso para si, e eu disse para ele que a vaidade o prejudicou, pois colocou todo o PT contra ele junto aos companheiros do plenário”, afirmou Tony Garcia.
“Depois, o Rossoni me escreveu: ‘Que confusão a gente fez. Se eles imaginassem que nós dois fizemos essa confusão. E eu respondi: “Nós dois não, fui apenas o mensageiro. Quem fez a confusão foi o Eduardo Cunha”, ressaltou.
Segundo o empresário, ainda havia o plano de realizar um jantar na casa do então vice-presidente, Michel Temer (MDB), no qual Eduardo Cunha iria levar Valdir Rossoni e apresentá-lo como uma das pessoas que articulou o processo de impeachment.
“Antes do jantar, o Rossoni me ligou e pediu para encontrá-lo e levá-lo no meu carro até o aeroporto de Curitiba, pois ele iria para Brasília. Durante o trajeto, ele afirmou que a atitude monocrática de Eduardo Cunha não foi bem vista pelo partido, que o estava pressionando. Em um determinado momento, ele disse: ‘Você não acha que o meu voto (contra a cassação de Cunha) vale R$ 5 milhões. Você tem até o período da noite para falar com o Cunha e me informar se aceita ou não. Caso contrário, não aparecerei no jantar’. Eu fiquei estampado e contatei Eduardo Cunha para relatar o que havia acontecido, e ele recusou a proposta”, afirmou.
“Então, no dia da votação da cassação, o Rossoni apareceu na primeira fila segurando uma placa com os dizeres: ‘Fora, Cunha’”, completou.
No dia 13 de setembro de 2016, Eduardo Cunha perdeu o seu mandato por 450 votos favoráveis e 11 contrários. Em outubro do mesmo ano, ele foi preso pela PF (Polícia Federal) no âmbito da Operação Lava-Jato e, no ano de 2020, sentenciado pela Justiça Federal a quase 16 anos de detenção pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em março de 2020, a Justiça Federal autorizou que o ex-deputado federal fosse para a prisão domiciliar por conta da pandemia de Covid-19. No mês de maio de 2023, a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) anulou a condenação dele.
Na época em que ocorreu o processo de impeachment, Dilma chegou a afirmar ao portal do PT que “a base do pedido e das propostas do presidente da Câmara é o PSDB, sempre foi. Ou alguém aqui desconhece esse fato? Porque se não fica uma coisa meio hipócrita da nossa parte. Nós fingimos que não sabemos disso”.
A ISTOÉ entrou em contato com todos os citados por Tony Garcia, mas não obteve resposta até o momento. O espaço permanece aberto para futuras manifestações.
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