Apesar das sanções internacionais, que terão tido o mérito de abrandar o programa de mísseis iranianos, mas não de aniquilá-lo, o Irão está a tornar-se o produtor de algumas das armas mais sofisticadas do Médio Oriente. Esta semana o Exército iraniano adicionou novos drones ao seu arsenal.
Ao atacar nas últimas semanas alvos no Paquistão, no Iraque e na Síria, o Irão demonstrou mais uma vez a eficácia do seu programa balístico, iniciado há quase 40 anos e que tem sido continuado apesar das sanções internacionais. A combinação dos seus mais recentes mísseis e da sua frota de drones, que a Rússia tem adquirido aos milhares para lançar contra a Ucrânia, tem levado o Irão a tornar-se o produtor de algumas das armas mais sofisticadas do Médio Oriente.
A 18 de janeiro, o Irão disparou contra o que chamou quartéis-generais “espiões” e “alvos terroristas” na Síria e no Iraque. Teerão também atacou “alvos terroristas” no Paquistão, causando a morte de duas pessoas, segundo Islamabad, que retaliou matando nove pessoas, afirma o Irão.
Visão geral das capacidades militares deste país considerado pelo Ocidente um destabilizador regional e o agente por detrás do alastrar dos conflitos no Médio Oriente.
Um míssil balístico de 4ª geração Khorramshahr chamado Khaibar com alcance de 2.000 km lançado num local não revelado no Irão, em 25 de maio de 2023.
Mísseis do Irão com maior alcance e melhor precisão
A produção de mísseis do Irão aumentou nos últimos 15 anos e melhorou significativamente a precisão, a orientação e a tecnologia aerodinâmica das armas.
No geral, o Irão tem “mais de 3.000 mísseis balísticos” e está constantemente a aumentar o seu arsenal de mísseis de cruzeiro, de acordo com estimativas militares e de inteligência dos EUA.
O programa de mísseis balísticos do Irão evoluiu de um arsenal de mísseis Scud, que adquiriu à Líbia, à Síria e à Coreia do Norte durante a década de 1980, para armas de precisão guiadas por satélite e navegação GPS.
“Os iranianos levaram a tecnologia Scud de um alcance de 300 km dos mísseis da década de 1980, para 1.600 km e mais”, e têm também “sistemas de orientação muito melhores que permitem correções de trajetória”, explicou à AFP Jeremy Binnie, da empresa privada Janes.
Gradualmente, foram desenvolvidos mísseis de combustível sólido, “mais fáceis de armazenar e muito mais rápidos de pôr em ação (…) portanto, mais úteis taticamente”, refere
O Irão tem um vasto arsenal de mísseis de diferentes alcances – curto (300 km), médio (300-1.000) e longo (até 2.000), a maioria é produzida ou montada localmente graças a um setor industrial e académico de alto nível.
Alguns mísseis do Irão: 1. Mísseis Balísticos: – Shahab Series: incluindo Shahab-1, Shahab-2, Shahab-3, entre outros. – Sejil: um míssil balístico de médio alcance. 2. Mísseis de Cruzeiro: – Soumar: um míssil de cruzeiro de médio alcance. – Meshkat: terá um alcance de 2.000 km e capacidade de lançamento aéreo/submarino/terrestre. 3. Míssil hipersónico: o Irão anunciou em novembro de 2022 ter produzido o seu primeiro míssil balístico hipersónico, segundo o comandante da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária, Amirali Hajizadeh. O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica é um ramo das forças armadas iranianas que está a desenvolver mísseis separadamente, mas em paralelo, com um programa dirigido pelo Ministério da Defesa do Irão.
Um dos mísseis mais avançados e de maior alcance é o Kheibar Shekan. Lançado em 2022, o Kheibar Shekan é um míssil de combustível sólido guiado com precisão que tem um alcance de 1.450 quilómetros – o que significa que pode atingir Israel. Mas o que o distingue do resto do arsenal do Irão é que a sua ogiva pode manobrar agilmente com pequenas barbatanas aerodinâmicas para escapar de alguns sistemas tradicionais de defesa aérea.
Míssil Khaibar-buster / Kheibar Shekan de combustível sólido com alcance de 1450 km apresentado a 9 de fevereiro de 2022.
A guerra Irão-Iraque (1980-1988)
A guerra que opôs os dois países foi um ponto de viragem para Teerão, altura em que adquiriu mísseis russos Scud-B para responder aos ataques de Saddam Hussein.
“Esta experiência deixou uma impressão duradoura nas autoridades iranianas, que concluíram que os mísseis eram um meio eficaz de resposta e um elemento vital da sua defesa”, resume John Krzyzaniak, do projeto Wisconsin sobre controlo de armas nucleares.
Estes investimentos foram importantes para compensar as fragilidades da frota aérea. O Irão “não conseguiu renovar os seus caças nas últimas décadas e compensou construindo mísseis”, acrescenta o especialista.
Um navio de guerra iraniano lança um míssil de cruzeiro durante um exercício naval no Golfo de Omã e no norte do Oceano Índico, 18 de junho de 2020. O relatório da agência de notícias oficial IRNA disse que os mísseis destruíram alvos a uma distância de 280 quilómetros.
Ajudas externas e fornecimentos à Rússia
“Os primeiros mísseis balísticos do Irão foram fornecidos pela Líbia, Síria e Coreia do Norte”, disse à AFP Farzan Sabet, do Instituto de Pós-Graduação de Genebra.
Antes de adquirir uma verdadeira autonomia, Teerão também recebeu ajudas da União Soviética e depois da Rússia.
Hoje em dia, “a contribuição externa (…) não é muito clara, mas deverá ser mais a nível de componentes do que design e desenvolvimento completos”, estima Jeremy Binnie.
Ao mesmo tempo, os seus mísseis “provavelmente utilizam componentes disponíveis no mercado, já que os iranianos sabem como integrar produtos comerciais” nas suas armas.
E isto, apesar das sanções internacionais, nomeadamente dos EUA, que terão tido o mérito de abrandar o programa e aumentar o seu custo, mas não de aniquilá-lo, confirmam os analistas.
Os países ocidentais acusam o Irão de estar a fornecer drones à Rússia para a guerra contra a Ucrânia.
Números desconhecidos
Como é frequente neste domínio, os stocks iranianos são desconhecidos, mas os especialistas consideram que são imensos, quer estejam nas mãos do exército, do Corpo da Guarda Revolucionária, que tem fábricas e armazéns próprios”, ou dos vários aliados do Irão na região, desde o Hezbollah libanês até aos rebeldes Houthi do Iémen.
Fontes:
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