Antigo jogador de Chelsea ou Tottenham, o londrino, que parte aos 80 anos após “doença prolongada”, ganhou ainda mais notoriedade como treinador, orientando o Barcelona, os Spurs ou a seleção inglesa. Gary Lineker lamenta o falecimento do “treinador mais inovador” que teve
Morreu Terry Venables, lenda do futebol inglês
Era um dos nomes mais consensuais e acarinhados do football. Tery Venables, antigo jogador e treinador de êxito, faleceu aos 80 anos. “Estamos totalmente devastados pela perda de um maravilhoso marido e pai, que morreu em paz após doença prolongada”, informou a família em comunicado.
Venables nasceu em 1943, em Londres, em plena II Guerra Mundial. Praticamente toda a sua vida seria dedicada ao futebol.
Como jogador, notabilizou-se, sobretudo, no Chelsea, ao serviço do qual fez 31 golos em 237 jogos, vencendo a Taça da Liga em 1964/65. Os Blues já lamentaram a perda.
Numa carreira de futebolista com duas internacionalizações A e totalmente londrina, atuaria ainda no Tottenham, por quem venceu a FA Cup, no QPR e no Crystal Palace. Foi neste último emblema que deu o salto para treinador. Inicialmente, começou como adjunto de Malcom Allison, que viria a orientar o Sporting, o Vitória FC e o Farense.
Nos bancos, Venables ganhou ainda mais destaque, tornando-se uma figura incontornável das duas últimas décadas do século XX no futebol inglês. Após assumir o cargo de técnico principal do Palace, levou o clube da terceira divisão para a primeira liga, antes de realizar outra proeza com o QPR: em 1981/82, chegou à final da FA Cup quando o conjunto estava na segunda divisão.
O êxito no seu país chamou a atenção do Barcelona, que o contratou em 1984. Orientando estrelas como Bernd Schuster, Gary Lineker ou Mark Hughes, venceu a La Liga em 1984/85 e a Taça da Liga em 1985/86. Os culés também já se uniram à lista de clubes que escreveram mensagens sobre o falecimento.
O seu grande trauma na Catalunha seria a derrota na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1985/86, caindo nos penáltis, em Sevilha, contra o Steaua Bucaraste. Seria só uma primeira grande desilusão nos castigos máximos.
O emblema ao qual Venables esteve mais ligado foi o Tottenham. Os Spurs, com efeito, foram dos primeiros a reagir à morte do homem que treinou a equipa entre 1987 e 1993, erguendo a FA Cup em 1990/91.
Mas o momento mais icónico da carreira de El Tel talvez tenha sido no comando da seleção inglesa. Entre 1994 e 1996, Venables dirigiu os three lions, tendo como ponto alto o Euro 1996, disputado em casa, o “verão de uma vida”, como reconheceu ao “The Athletic” em 2021.
Com Paul Gascoigne, em 1994
Com as esperanças na seleção inglesa renovadas e o “Three Lions ’98” (o mítico “Football is coming home”) como banda sonora, a equipa entusiasmou com um 4-1 aos Países Baixos na fase de grupos, superando, depois, a Espanha nos penáltis. No entanto, nas meias-finais, um penálti falhado por Gareth Southgate, atual selecionador inglês, ditaria a derrota contra a Alemanha. No entanto, numa seleção com a tradição de triturar técnicos, Venables foi dos poucos a sair de prestígio intacto.
Na década final da sua carreira, o londrino orientaria ainda a Austrália, O Palce, o Middlesbrough ou o Leeds, sem o êxito de outrora. Em 2014, Venables abriu, com Yvette, a sua mulher, um hotel e um restaurante em Penaguila, em Valência, Espanha.
Dois dos principais comentadores do futebol inglês, e antigos jogadores orientados pelo agora falecido técnico, elogiaram já as suas qualidades. Gary Lineker considerou-o o “treinador mais inovador” que teve, descrevendo-o como como “vibrante e encantador”. Gary Nevile sublinhou a “capacidade de mudar de sistemas durante os encontros”.
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