“Quando acontece o 25 de Abril nós estavamos a preparar a nossa fugida para Paris”. Manuela Matos Monteiro, fotógrafa e diretora das galerias Mira em Campanhã, recorda os tempos inebriantes da Revolução.
Manuela Matos Monteiro, fotógrafa e diretora das galerias Mira
Era uma manhã de quinta-feira igual a tantas outras, num tempo em que nem se ousava sonhar. Manuela Matos Monteiro, que na altura tinha 21 anos, ia a caminho da escola Soares dos Reis, onde era professora. A meio do caminho foi surpreendida com a notícia da Revolução.
Da noite para o dia, a Revolução trocou as voltas a Manuela Matos Monteiro e ao marido João Lafuente. O casal, que sempre teve uma intensa atividade política clandestina, preparava-se para fugir rumo a Paris, à semelhança de muitos outros jovens intelectuais que queriam escapar às garras da ditadura e à face mais dura e sangrenta do regime que governava Portugal: a guerra colonial.
Com a queda do regime, Manuela Matos Monteiro e o marido já não saíram de Portugal. Ficaram no Porto a viver os momentos inebriantes que se seguiram à Revolução. Desses tempos não têm uma única fotografia, apesar de ambos serem fotógrafos.
Os dias, semanas e meses seguintes ao 25 de Abril de 1974 foram passados nas ruas, em manifestações e ocupações, em assembleias de moradores e nas fábricas, numa intensa atividade política, que agora podiam fazer às claras, sem medo de serem levados para os calabouços da PIDE. Durante anos os nomes de Manuela e do marido estiveram sinalizados.
O ativismo começou cedo para Manuela Matos Monteiro formada em Filosofia e Psicologia, fotógrafa e galerista. Recorda que os movimentos estudantis tiveram um papel importante na queda da ditadura. A grande luta era contra a guerra e pelo direito de ler, ouvir e falar.
Nesse tempo, anterior ao 25 de Abril, quando as mulheres tinham um estatuto de semipessoas, as questões feministas não estavam na agenda. Foram entrando, progressivamente, no pós-revolução.
Em 1977, Manuela e outras mulheres de diferentes idades, estratos sociais e ideologias, criaram o Grupo Autónomo de Mulheres do Porto, conhecido como GAMP, para lutar contra a opressão das mulheres.
Ter na Constituição a garantia de igualdade foi um avanço enorme. Mas, 50 anos depois da Revolução dos Cravos, Manuela Matos Monteiro defende que há ainda muito por fazer e, por isso, a luta não pode parar.
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