Rússia ordena exercícios nucleares e ameaça atacar equipamentos militares britânicos na Ucrânia
Lançadores de mísseis balísticos intercontinentais russos Yars exibidos durante desfile na Praça Vermelha
A Rússia anunciou, nesta segunda-feira (6), que realizaria “em um futuro próximo” exercícios nucleares perto da Ucrânia e que seu Exército poderia atacar equipamentos militares nesse país, em resposta às declarações dos governantes de potências ocidentais sobre um possível de envio de soldados.
Mapa da Ucrânia mostrando as áreas controladas pelas forças ucranianas e russas, em 5 de maio às 16h (Bras.).
Desde o início do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2022, Putin menciona a possibilidade de recorrer às armas nucleares.
O Ministério da Defesa russo anunciou em um comunicado, publicado no Telegram, a organização de exercícios “para o treinamento da preparação e uso de armas nucleares não estratégicas”, que podem ser utilizadas no campo de batalha e disparadas sobre mísseis.
O Kremlin afirmou que os exercícios são uma resposta às “ameaças” de líderes das potências ocidentais sobre a possibilidade de enviar tropas à Ucrânia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, denunciou que autoridades falem sobre a “intenção de enviar contingentes armados para a Ucrânia, ou seja, de colocar soldados da Otan diante das Forças Armadas russas”.
Peskov mencionou o presidente francês, Emmanuel Macron, cuja retórica chamou de “muito perigosa”, assim como declarações de funcionários de alto escalão dos governos do Reino Unido e Estados Unidos.
Na semana passada, Macron reiterou a posição sobre o possível envio de tropas à Ucrânia “se os russos conseguirem romper as linhas da frente, se houver um pedido ucraniano”, uma questão que já havia cogitado em fevereiro.
Dirigentes russos e soviéticos que permaneceram mais tempo no poder desde a revolução de 1917.
– Ataques a alvos britânicos –
O anúncio sobre os exercícios é “um exemplo do tipo de retórica irresponsável que temos visto por parte da Rússia no passado”, reagiram os Estados Unidos.
“É completamente inapropriado dada a atual situação de segurança”, disse aos jornalistas o porta-voz do Pentágono, Pat Ryder, acrescentando que não se observou “nenhuma mudança no posicionamento de forças estratégicas”, mas seguirão “vigiando”.
Um ônibus supostamente atingido por um bombardeio na cidade de Berezovka, em uma imagem publicada em 6 de maio de 2024 na rede Telegram pelo governador da região russa de Belgorod, Vyacheslav Gladkov
Os exercícios, ordenados por Putin, incluirão a Aeronáutica, a Marinha e as Forças do Distrito Militar do Sul, que têm sede muito perto da Ucrânia e abrangem as regiões ucranianas que Moscou alega ter anexado, segundo o Ministério da Defesa.
A data e o local dos exercícios não foram revelados.
A doutrina nuclear russa prevê o uso “estritamente defensivo” de armamento nuclear em caso de ataque ao país com armas de destruição em massa ou em caso de agressão com armas convencionais “que ameacem a existência do Estado”.
Ainda nesta segunda, a Rússia também ameaçou atacar alvos britânicos na Ucrânia “e mais além”, caso Kiev empregue armas fornecidas pelo Reino Unido contra seu território.
A diplomacia russa indicou que o embaixador britânico Nigel Casey foi convocado após declarações do chanceler britânico, David Cameron, que, segundo Moscou, faziam referência ao “direito da Ucrânia de atacar o território russo utilizando armas britânicas”.
“N. Casey foi advertido de que qualquer instalação militar ou equipamento militar britânico na Ucrânia e mais além de suas fronteiras poderia ser alvo de represálias por ataques ucranianos com armas britânicas em território russo”, indicou o Ministério russo em um comunicado.
Os comentários de Camareon, acrescentou, “contradizem diretamente as garantias dadas pela parte britânica” de que as armas transferidas para a Ucrânia não seriam utilizadas contra “território russo”.
– Sete mortos perto de Belgorod –
No campo de batalha, o Exército russo reivindicou a conquista de mais duas localidades, no leste e nordeste da Ucrânia, onde as tropas de Moscou registraram vários avanços nos últimos meses.
O Ministério da Defesa russo informou que seus soldados “libertaram” as localidades de Kotlyarivka, no nordeste, e Soloviove, na região de Donetsk, no leste, perto da cidade de Ocheretybe, cuja captura Moscou reivindicou no domingo.
A Rússia está na ofensiva desde o fracasso da grande contraofensiva iniciada pela Ucrânia em meados de 2023, beneficiada pelo desgaste do Exército de Kiev, que enfrenta dificuldades para recrutar novos soldados para bloquear a operação militar de Moscou.
Ao menos seis pessoas morreram nesta segunda-feira e 35 ficaram feridas em um bombardeio ucraniano com drones na região russa fronteiriça de Belgorod, onde os ataques das forças de Kiev são frequentes, informou o governador Viacheslav Gladkov.
Logo depois, o funcionário informou sobre uma sétima morte em outro ataque aéreo à cidade de Nikolskoie.
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