A Guerra Fria foi um período histórico sem precedentes que, após os seus 44 anos de duração, deixou para trás um grande número de acontecimentos, tensões e conflitos como raramente se viu na história da humanidade. Sem dúvida, a corrida espacial foi uma das frentes onde mais investimentos e pesquisas foram feitas, mas nesta competição que a União Soviética teve com os Estados Unidos, uma das mais curiosas foi ver quem conseguia fazer o buraco mais fundo na crosta terrestre.
Embora os Estados Unidos tenham vencido a corrida espacial, os soviéticos provaram ser melhores em escavar graças ao “Poço Superprofundo de Kola”. Um buraco de mais de 12 mil metros, cavado na península da Rússia que faz fronteira com Noruega e Finlândia, provaria ser mais do que uma rusga entre as duas superpotências, permitindo-nos compreender um pouco melhor as entranhas da Terra.
Apesar de ter 12.226 escrito, o poço de Kola cavado durante a União Soviética atingiu 12.262 metros de profundidade (Imagem: Montagem via Xataka)
Cave fundo
Também conhecido como SG-3, este projeto começou oficialmente em 24 de maio de 1970 e atingiu o seu ponto mais profundo durante 1989, como se fosse uma alegoria irônica que marcava os últimos anos antes da dissolução da União Soviética. O poço atingiu a profundidade final de 12.262 metros, tornando-se o maior do mundo até hoje neste quesito.
À distância, esta conquista da URSS parece nada mais do que uma curiosidade em que se destacou do rival, mas foi além de ser apenas uma “medalha para pendurar”. Durante a Guerra Fria, ambas as superpotências travaram uma corrida não só em termos militares, mas também em termos de conquistas científicas e tecnológicas. A exploração do subsolo era de interesse estratégico tanto para o registro dos recursos naturais quanto para a detecção de possíveis instalações subterrâneas inimigas.
A engenharia para escavar o SG-3 trouxe avanços tecnológicos nunca antes vistos, como a criação de brocas especiais capazes de perfurar rochas rígidas em ambientes extremos. Além disso, foram necessários sistemas de resfriamento para combater as altas temperaturas causadas pela profundidade, e técnicas especiais de revestimento foram projetadas para evitar o colapso das paredes do poço. A perfuração não foi realizada numa única tentativa, mas sim em fases cada vez mais profundas e sob constante monitorização geológica.
Com o fechamento do projeto em 1992, as instalações do poço de Kola foram abandonadas (Imagem: via Xataka)
Descobertas científicas e uma luta pelo recorde
Em termos científicos, o Poço de Kola permitiu-nos estudar geologicamente a Terra a partir do interior da crosta terrestre, contrastando com as habituais observações feitas à superfície. Uma das principais descobertas foi a falta da “Descontinuidade de Conrad”, zona geofísica na qual transita a crosta terrestre. Os pesqusiadores soviéticos esperavam encontrar uma mudança do granito para o basalto a distâncias de três a seis quilômetros abaixo da superfície, mas nunca conseguiram detectar a transição.
O raciocínio dos cientistas foi que as mudanças na rocha se deviam a fatores externos, como calor e pressão, e não a uma mudança no tipo de rocha em si. No entanto, talvez a descoberta mais interessante tenha sido a detecção de fósseis microscópicos que são evidências de atividade biológica em rochas antigas, com bilhões de anos de idade, algo que levanta mais questões do que respostas na questão evolutiva e na história da vida.
Embora a União Soviética estivesse em declínio no final da década de 80, a escavação do poço Kola não parou por estes motivos, mas sim devido a problemas com a temperatura na profundidade atingida pelo SG-3. Quanto mais fundo iam, a pressão e a temperatura aumentavam até atingir cerca de 180 °C, o que também ia contra as previsões, já que foram estimadas temperaturas próximas de 100 °C. Essas condições também alteraram o terreno, que ficou com mais porosidade e permeabilidade, fazendo com que as rochas ficassem mais plásticas.
Poço no Catar quase quebrou o recorde do poço de Kola (Imagem: via Xataka)
Em maio de 2008 um poço de petróleo no Catar, o BD-04A, levou o título de mais longo do mundo com 12.289 metros. Porém, ele não é mais profundo do que Kola, pois atinge “apenas” 10.902 metros de profundidade. Portanto, o SG-3 continua sendo o verdadeiro abismo do nosso planeta.
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