Putin já puxa dos galões nucleares, vizinhos armados até aos dentes e um verão que cheira a NATO: 803 dias em guerra
Ursula von der Leyen espera que Xi Jinping “desanuvie as ameaças nucleares irresponsáveis” de Putin, mas o chefe da diplomacia da UE considera que impulsionar a indústria militar da Ucrânia é essencial, “hoje e amanhã, para a Ucrânia e para nós”. Enquanto a diplomacia faz caminho, a Escandinávia prepara-se (com armamento) para uma crise grave
Putin já puxa dos galões nucleares, vizinhos armados até aos dentes e um verão que cheira a NATO: 803 dias em guerra
Ação, reação. Na semana passada, em entrevista, o Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu que podem vir a ser enviadas tropas ocidentais para território ucraniano no caso de a Rússia “romper as linhas da frente” — e Kiev solicitar ao Ocidente tal apoio. Este segunda-feira, Vladimir Putin reagiu, sem palavras mas com ameaça nuclear.
O Presidente russo ordenou a realização de exercícios nucleares, em data por definir mas perto da fronteira ucraniana, numa “resposta às declarações com provocações e ameaças feitas contra a Rússia por certos responsáveis ocidentais”, lê-se num breve comunicado do Ministério da Defesa russo.
Os exercícios, que pretendem “manter a prontidão” do exército, envolverão a força aérea, a marinha e as forças do distrito militar do sul, que cobre as regiões da Ucrânia que Moscovo anexou.
Na iminência de um conflito nuclear, há quem apele à calma (e procure calma na China) e quem deite mais achas na fogueira — ou simplesmente se previna.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou esta segunda-feira confiar que Pequim continuará a desempenhar um papel de dissuasão em relação às ameaças nucleares russas. “O Presidente Xi Jinping desempenhou um importante papel no desanuviamento das ameaças nucleares irresponsáveis da Rússia e estou confiante de que continuará a fazê-lo”, afirmou von der Leyen.
Por sua vez, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrel, defendeu iniciativas conjuntas entre empresas ucranianas e europeias, e mesmo a utilização de fundos comunitários, para impulsionar a indústria militar da Ucrânia.
“A Ucrânia carece de munições de defesa aérea e de artilharia. As decisões de apoiar a Ucrânia têm consequências hoje e amanhã, para a Ucrânia e para nós. É uma questão de responsabilidade para os europeus”, sublinhou o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.
Mantendo a toada bélica, as autoridades finlandesas afirmaram esta segunda-feira que têm armas e equipamento militar armazenados na Noruega — e poderão fazê-lo igualmente na Suécia. Numa entrevista ao Financial Times, o ministro da Defesa finlandês, Mikko Heiskannen, e garantindo que “os ovos não têm de estar todos no mesmo cesto”, afirmou, perentório, sobre uma hipotética crise grave na Europa: “Não estamos sozinhos, já não. Agora podemos contar uns com os outros”.
Também os Estados Unidos consideram a possibilidade de estabelecer um grande depósito de armas na Escandinávia, numa resposta clara à possibilidade de agressão russa contra um destes países do norte da Europa.
OUTRAS NOTÍCIAS
⇒ Pelo menos seis pessoas morreram e 35 ficaram feridas num ataque ucraniano com drones na região fronteiriça russa de Belgorod. Os drones terão atingido veículos que transportavam trabalhadores de uma empresa agroindustrial de produção de produtos derivados de carne de porco.
⇒ A União Europeia recusou em 2023 a entrada a quase 119 mil cidadãos de países terceiros, sendo que a maioria (18.325) foram pessoas oriundas da Ucrânia. Nas fronteiras terrestres, a Polónia (12.900) e a Hungria (12.020) registaram o maior número de recusas de entradas.
⇒ Falando de recusas, o Governo da Hungria recusou esta segunda-feira repatriar refugiados ucranianos com idade para combater. Recentemente, o Presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, autorizou uma nova lei de mobilização que alarga a faixa etária e as condições de recrutamento de civis — o que permitiria o regresso de migrantes ucranianos. “A Hungria não vai extraditar refugiados. Humanamente, não vamos permitir que eles sejam enviados para a morte”, disse o vice-primeiro-ministro húngaro Zsolt Semjen.
⇒ O primeiro-ministro da Ucrânia, Denis Shmigal, garantiu, esta segunda-feira, que Kiev está “a um passo” de entrar na NATO e confia que a Aliança tomará uma decisão sobre o assunto na próxima cimeira, marcada para julho, em Washington. “O nosso exército trabalha de acordo com os padrões da NATO. Implementámos as reformas todas necessárias e estamos a um passo de ser convidados”, disse Shmigal.