"Profunda impreparação do ministro das Finanças" ou "falsidade": Medina diz que só há duas explicações para as acusações do Governo
Fernando Medina (LUSA)
O ex-ministro das Finanças, Fernando Medina, reagiu esta quinta-feira à tarde às acusações do governo da AD, designadamente do seu sucessor, que afirmou que o anterior executivo deixou várias áreas da administração pública em “caos e colapso”.
“Reajo com profunda preocupação às declarações do Ministro das Finanças a propósito da situação orçamental do país. Preocupação porque revelam uma de de duas coisas que são negativas para o país”, começou por explicar Medina. “Ou uma profunda impreparação da equipa política e do ministro das Finanças em particular, ou então a utilização da falsidade como instrumento do combate político”.
O antigo titular da cargo explicou que, no dia 1 de abril, quando se deu a transição de pastas, informou “o ministro das Finanças e a sua equipa com todo o rigor, detalhe e profundidade” com os dados públicos e não públicos da situação financeira do país. As previsões de Fernando Medina apontavam para um cenário, em caso de políticas invariantes, de um superavit orçamental de 0,7%.
“Há duas semanas, o ministro corroborou um superavit de 0,3%. Na minha expectativa e estimativa terá mais, em caso de políticas invariantes. Ainda assim, o Governo apresentou um cenário de superavit para 2024”, lembrou o ex-governante.
“[O Governo] vem agora mostrar-se surpreendido pelos dados de execução apresentados pela Direção Geral do Orçamento (DGO), que não são os dados em contabilidade nacional, aqueles que relevam para Bruxelas, mas sim em contabilidade pública, isto é, valores em caixa que o Estado tem em cada trimestre. Usa de uma falsidade, tenta comparar e utilizar os dados em contabilidade pública para daí aferir que o país tem um problema de natureza orçamental”, prosseguiu. “Não tem, aliás, pelo contrário, como o governo reconheceu há 15 dias, o país encaminha-se para outro superavit”.
Fernando Medina explicou, posteriormente, que os dados apresentados por Miranda Sarmento “são muito fáceis de ser explicados” e devem-se à política de redução fiscal do anterior Governo, ao crescimento da despesa com pensões e a despesas “não repetíveis”, como o apoio aos agricultores.
O ex-ministro do PS clarifica, também, que estes dados da DGO referem-se apenas aos três primeiros meses do ano e que, por isso, “não contam com o valor eu existe transitado nos cofrres do Estado, de mais de 4 mil 100 milhões de euros”.