O que diz a regra? Cruzeiro corre para registrar reforços antes de estreia

O Cruzeiro tem prazo apertado para encerrar o transfer ban na Fifa e registrar os reforços no Boletim Informativo Diário da CBF antes da estreia no Campeonato Mineiro, contra a URT, às 17h da próxima quarta-feira, no Independência, em Belo Horizonte. O clube precisa pagar R$ 23 milhões referentes às dívidas com Defensor, do Uruguai, e Mazatlán, do México, pelas aquisições dos direitos econômicos de Arrascaeta e Riascos, em 2015.

Embora o tempo seja curto, ainda é possível que o Cruzeiro resolva todos os passos até terça-feira e se livre da punição aplicada pela Fifa em junho de 2021. Um especialista em direito desportivo ouvido pelo Superesportes ressaltou a importância de o clube manter uma comunicação alinhada com os credores – Defensor e Mazatlán. Essa proximidade permite a solução do imbróglio de forma imediata ao acordo de quitação e agilidade nos trâmites.

O art. 65 do Regulamento Geral das Competições da Federação Mineira de Futebol diz que “somente poderão participar das competições organizadas pela DCO, os atletas que tenham sido registrados na FMF e que tenham seus nomes publicados, no BID/CBF, até o dia útil imediatamente anterior à realização da partida”.

A FMF informa ainda que “a CBF tem o prazo de 48 (quarenta e oito) horas após o envio de toda a documentação ao sistema Gestão Web para a publicação do nome do atleta e do treinador no BID”. Vale ressaltar que se trata de um intervalo máximo, podendo a entidade formalizar os contratos em um período inferior.

Já o art. 31 do Regulamento Específico do Campeonato Mineiro dispõe sobre a condição dos atletas. “Somente poderão participar dos jogos do Campeonato os atletas e treinadores que tenham sido registrados na FMF e que tenham seus nomes publicados, no BID da CBF, até o dia útil imediatamente anterior à realização da partida”. Ou seja, o Cruzeiro precisa resolver a pendência até as 19 horas de terça-feira, 25 de janeiro.

Os reforços para 2022 são os goleiros Rafael Cabral (ex-Reading-ING) e Gabriel Brazão (Inter de Milão-ITA); o lateral-direito Gabriel Dias (ex-Ceará); os zagueiros Maicon (ex-Al-Nassr-ASA), Sidnei (ex-Betis-ESP) e Mateus Silva (ex-Ituano); os volantes Filipe Machado (ex-Grêmio), Pedro Castro (ex-Botafogo) e Willian Oliveira (ex-Ceará); o meia João Paulo (ex-Atlético-GO); e os atacantes Edu (ex-Brusque) e Waguininho (ex-Coritiba). O vínculo do técnico Paulo Pezzolano também tem de aparecer no BID.

Em entrevista na quinta-feira, o diretor executivo Pedro Martins declarou que o transfer ban seria resolvido nos próximos dias ou horas. “É uma prioridade. Não tem como não ser. Eu confio muito na equipe que está realizando este trabalho. Não tenho dúvida que essa solução será dada nos próximos dias ou horas e que o Cruzeiro vai encontrar a melhor saída para que todos os atletas estejam inscritos e aptos para a disputa do Mineiro”.

O próprio ex-jogador Ronaldo Fenômeno, com acordo para se tornar dono de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol do Cruzeiro, garantiu que encontraria um caminho para o passivo na Fifa. “Não tenho aqui exatamente a programação do transfer ban. Mas, como disse antes, são R$ 140 milhões para 2022 e 2023. De imediato, para o fim de janeiro, temos uma obrigatoriedade de pagar R$ 23 milhões”.

Caso o Cruzeiro não liquide a dívida na Fifa até segunda-feira, jovens do sub-20 devem integrar a lista de convocados na partida contra a URT. A Raposa fez boa campanha na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2022, sendo eliminada pelo São Paulo nas quartas de final, com derrota por 2 a 1. Na fase de grupos, o time avançou em primeiro sem sofrer um gol sequer: Palmas (5 a 0), Retrô (2 a 0) e Itapirense (3 a 0). Nos mata-matas, passou por Bragantino (1 a 0), Retrô (2 a 0) e Desportivo Brasil (4 a 1).

Aumento da dívida

A dívida do Cruzeiro com Defensor e Mazatlán chegou a R$ 23 milhões em razão dos juros e das multas pelos vários anos de atraso. A conta inicial era de 1,151 milhão de euros por Arrascaeta (R$ 7,1 milhões) e US$ 1 milhão por Riascos (R$ 5,4 milhões), totalizando R$ 12,5 milhões.

No negócio por Arrascaeta, fechado em janeiro de 2015, o Cruzeiro pagaria 4 milhões de euros por 50% dos direitos econômicos – R$ 12 milhões com o euro a R$ 3.

Dos 4 milhões de euros, 2 milhões foram emprestados por Pedro Lourenço, dono do Supermercados BH, e outros 2 milhões parcelados em 29 vezes de 70 mil euros. Como o clube só quitou 13 mensalidades, o Defensor requereu as 16 restantes na Fifa.

Esperava-se que o Cruzeiro resolvesse as pendências com os uruguaios assim que vendeu Arrascaeta ao Flamengo, em janeiro de 2019, por mais de R$ 55 milhões. No entanto, nenhuma quantia foi repassada à equipe de Montevidéu.

Na transação de Riascos, no mesmo mês de Arrascaeta, o Cruzeiro concordou em desembolsar US$ 3 milhões por 50% do passe (R$ 7,8 milhões com o dólar a R$ 2,63). O Morelia recebeu US$ 2 milhões (R$ 5,26 milhões) e precisou reclamar o restante na Fifa.

Na cotação de janeiro de 2015, a soma das cifras em aberto por Arrascaeta e Riascos seria de R$ 6 milhões. Corrigido pelo IPCA, que calcula a inflação no Brasil, o montante estaria na casa de R$ 8,9 milhões em novembro de 2021.

Porém, a variação cambial complicou a situação do Cruzeiro, visto que o real perdeu valor em comparação às moedas estrangeiras. Nesta sexta-feira, 21 de janeiro de 2022, o dólar fechou em R$ 5,46, e o euro em R$ 6,19.