Uma ativista saudita dos direitos das mulheres, detida por causa de publicações no Twitter e no Snapchat, está privada de contacto com o mundo exterior desde novembro, denunciou a Amnistia Internacional, acusando as autoridades sauditas de “desaparecimento forçado”.
Manahel al-Otaibi, de 29 anos, foi detida à força em novembro de 2022 por ter feito publicações nas redes sociais que desafiavam as leis de tutela masculina da Arábia Saudita, usando roupas ocidentais em vez da tradicional “abaya” que cobre o corpo todo.
Apesar de ainda não ter sido condenada nem sentenciada, o Ministério Público saudita acusa-a de liderar uma “campanha para incitar as raparigas sauditas a denunciar os princípios religiosos e a rebelarem-se contra os costumes e tradições da sociedade saudita”, segundo documentos judiciais a que a agência France Presse (AFP) teve acesso.
A jovem é acusada de violar a Lei Anti-Crime Cibernético devido aos seus tweets de apoio aos direitos das mulheres, e à publicação de fotografias suas no Snapchat em que aparece no centro comercial de Riade, sem a túnica tradicional de mangas compridas, designada “abaya”, utilizada no reino da Arábia Saudita.
Após a detenção, Manahel al-Otaibi foi presente aos juízes do Tribunal Penal de Riade em janeiro do ano passado e o seu caso foi então remetido para o Tribunal Penal Especializado (SCC), criado em 2008 para tratar casos relacionados com o terrorismo e conhecido por julgar dissidentes políticos e ativistas dos direitos humanos e proferir sentenças severas, incluindo a pena de morte.
“Estou preocupada com o destino da minha irmã perante um tribunal tão injusto”, disse Fawzia, irmã de Manahel al-Otaibi.
Segundo a Amnistia Internacional, desde novembro de 2023 que “as autoridades prisionais [sauditas] e outras cortaram todos os contactos [da jovem al-Otaibi] com a família e com o mundo exterior”, escreveu num comunicado de imprensa, divulgado esta quarta-feira.
“Apesar dos seus repetidos pedidos de informação”, foi recusado à sua família obter “informações sobre o seu paradeiro e bem-estar”, acrescentou o grupo de defesa dos direitos humanos.”Pouco antes de perdermos o contacto com ela, Manahel disse-nos que tinha sido violentamente espancada por um companheiro de prisão”, contou à Amnistia a sua irmã.
Fawzia al-Otaibi, sua irmã, explicou à Amnistia Internacional que “esta é a realidade da forma como as mulheres sauditas estão a ser tratadas e que as autoridades tentam esconder por detrás da lavagem de imagem que fazem nos media. Qualquer atividade que promova o feminismo e os direitos das mulheres é criminalizada”.
c/agências
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