A caminho de Viseu, a caravana do Bloco de Esquerda parou na Marinha Grande para ouvir falar das lutas dos utentes do centro de saúde local e prometer um “novo fôlego” para o SNS
“O SNS deu-nos das melhores esperanças médias de vida e agora terá de dar qualidade a essa vida”: BE em Leiria para ouvir e falar de saúde
O primeiro dia oficial de campanha amanheceu cinzento e chuvoso na Marinha Grande, mas pelas 9h30 eram já mais de duas dezenas as pessoas concentradas à porta do centro de saúde da Marinha Grande. Aguardam com expectativa, apesar do vento que abana as paredes de lona da tenda onde se abrigam. “Temos de compreender, a Mariana vem de mais longe que nós. Vem do Algarve”, diz uma militante.
E há de chegar. Vem para uma reunião com a Comissão de Utentes da Marinha Grande, uma organização sem cor partidária, fundada em 2007 para lutar contra o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) da cidade. Hoje, o SAP permanece ativo (embora “sempre com muitos entraves”, diz Luís Marques, um dos porta-voz) e a comissão também – agora com uma nova causa: lutar pelos dez mil utentes (cerca de 25% dos inscritos) que não têm médico de família atribuído.
“Nós não temos nada a apontar aos médicos nem aos enfermeiros, que têm feito um trabalho excelente. Só que não lhes dão meios para poderem responder às necessidades das populações. Ora é contra isso que nós nos batemos. Todos nós queremos dignidade, tanto na vida como na saúde”, diz Aires Rodrigues, presidente da Comissão de Utentes, numa breve conversa à entrada com
“Os poderes absolutos às vezes acham que não têm de ouvir ninguém”, responde Mariana Mortágua. Mas a coordenadora do BE veio para ouvir. E é para isso que se senta com os utentes, mas também com os principais candidatos do partido pela região (incluindo o cabeça de lista, o médico de família Rafael Henriques) e com o coordenador distrital Ricardo Vicente (ex-deputado que chegou a ser eleito por Leiria em 2019, mas que perdeu o assento parlamentar em 2022 para o Chega).
O serviço, dizem, já funcionou bem e isso ajudava a “desentupir hospital de Leiria”, dizem-lhe. Mas a situação tem-se vindo a agravar. “Nós não queremos mais do que aquilo a que temos direito”, diz Luís Marques. E por isso pede que o BE não os deixe sozinhos nas suas reivindicações.
Em resposta, Mariana Mortágua fala-lhes das propostas do seu partido, de como o BE quer um um atendimento de proximidade em permanência adaptado às especificidades das regiões como base do SNS. Explica-lhes que o BE quer que as equipas de saúde familiar tenham um médico e enfermeiro de família, mas também nutricionistas e psicólogos. Lembra-lhes que o BE quer que o SNS inclua também a saúde oral. “O SNS deu-nos das melhores esperanças médias de vida e agora terá de dar qualidade a essa vida e é isso que nós queremos para o SNS”, remata.
“E não há motivo para que não se faça”, acrescenta. “Vivemos num país que de um ano para o outro conseguiu inventar um SNS” a seguir ao 25 de Abril. Um país que conseguiu fazer isso, com menos recursos e “saído do obscurantismo do fascismo”, tem de conseguir hoje ter condições no SNS. “Nós combatemos a pandemia porque tínhamos um SNS que foi capaz de dar resposta e merecia muito mais depois da pandemia.”
Soluções de direita e da maioria absoluta “não funcionam”
Lembrada de que a saúde foi um dos pontos de rutura na geringonça, e questionada sobre se seria mais fácil negociar com Pedro Nuno Santos, Mariana Mortágua considerou que o tempo deu razão ao BE.
“Quem reconheceu [este sábado] que as coisas não estão bem no SNS foi o secretário geral do PS, porque elas de facto não estão bem. O BE alertou quando saímos da pandemia para a necessidade de se investir no SNS para evitar aquilo que infelizmente aconteceu – a saída de profissionais e a degradação do serviço. Hoje quando olhamos para o SNS reconhecemos que o BE tinha razão”, afirma.
O que importa é “como é que se resolve o que está errado”. “E aí sabemos que há dois caminhos que não funcionam. Não funciona o sistema do cheques para ir ao privado, mas também não funciona a resposta que a maioria absoluta deu que foi reorganizar serviços sem ir à raiz dos problemas.”
As soluções para a saúde, que protejam e deem um “novo fôlego” ao SNS, conclui, passam por uma maioria à esquerda. E para isso “a força do bloco é essencial”.
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