André Ventura garantiu este sábado que, após ter sido esclarecido que o choque fiscal social-democrata é muito menor do que o anunciado, o escrutínio do Chega ao Governo será muito mais apertado. O líder do partido vai chamar Miranda Sarmento a uma Comissão de Orçamento e Finanças
“Desilusão e uma enorme quebra de confiança política”: André Ventura quer Governo a justificar-se em Comissão de Orçamento e Finanças
Em resposta ao pedido de um debate de urgência no Parlamento avançado pelo PS, André Ventura, líder do Chega, resolveu “chamar já, no primeiro dia”, a pasta das Finanças do Governo AD a justificar-se durante uma Comissão de Orçamento e Finanças, com Miranda Sarmento e a secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, Cláudia Reis Duarte. O representante do partido defende que os debates de urgência não servem para esclarecer situações desta natureza. “Joaquim Miranda Sarmento terá de explicar o que ontem se furtou responder”, argumentou Ventura, falando de uma “promessa feita sobre outro Orçamento do Estado”
“Desilusão e uma enorme quebra de confiança política”: foi assim que André Ventura interpretou o “equívoco” de que falou Manuel Castro Almeida, ministro Adjunto e da Coesão Territorial, no “Expresso da Meia-Noite”, reconhecendo o desencontro entre os 1500 milhões de euros de alívio fiscal anunciados e o corte de cerca de 200 milhões no IRS que serão realmente da responsabilidade do Governo social-democrata e que não estavam já previstos pelo orçamento socialista. O presidente do Chega garante que o escrutínio do partido sobre as propostas do PSD será mais acirrado a partir de agora, começando com a análise do Programa de Estabilidade e do Orçamento, seja com ou sem retificativo. “A confiança tem de ser ganha dia a dia, documento a documento”, declarou. “O Governo deu provas de não merecer essa confiança.”
Na perspetiva de André Ventura, a direita apresentou-se a estas eleições com uma promessa de aliviar a carga fiscal, e “a vitória esmagadora que quer o Chega quer o PSD conseguiram nestas eleições” pode, afinal, não ser usada para o cumprimento daquela promessa. O “eleitorado não socialista” e “todos aqueles que fora do socialismo” esperavam um choque fiscal foram confrontados com uma descida do IRS do PSD que não excede “exceto em um ou outro ponto” a de António Costa. Não é um acréscimo, é a concretização da abordagem de Costa, frisou o deputado, salientando que saíram defraudadas as expectativas de que “teríamos pela primeira vez um orçamento amigo de quem trabalha”.
Elevando também a pressão colocada sobre Luís Montenegro para apresentar um orçamento retificativo, Ventura considerou que o OE já aprovado durante a maioria absoluta socialista é um “orçamento mau para as empresas, para as famílias e para o país”.
“Arriscamo-nos a ter exatamente o mesmo resultado que tivemos com o Partido Socialista”, afirmou Ventura. O líder do Chega apontou o dedo a Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças, por ter mostrado “pouco jeito e pouco tato”, mas foi ao primeiro-ministro que Ventura dedicou as suas palavras mais duras: “Senhor primeiro-ministro, não nos faça arrepender do voto de confiança que ainda ontem recebeu no Parlamento. O que ocorreu é grave, e mostra como os partidos que formam maiorias podem quebrá-las.”
Para o Chega, tornou-se evidente, esclareceu André Ventura: “Não pode haver cheques em branco nem cheques sem cobertura. O Chega vai fiscalizar todas as propostas e documentos apresentados na Assembleia da República.”
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