Imigração: "Eu não existiria na França com essa nova lei", diz chefe brasileira Alessandra Montagne

Imigração: “Eu não existiria na França com essa nova lei”, diz chefe brasileira Alessandra Montagne

O Conselho Constitucional da França, a mais alta instituição jurídica do país, analisa a controversa lei de imigração, aprovada pelo Parlamento em 19 de dezembro do ano passado. Chefes de cozinha organizam uma manifestação contra o texto neste domingo (21) para pressionar o órgão. A brasileira Alessandra Montaigne participa da mobilização e pede que a lei seja revista para garantir igualdade de oportunidades para todos.

A gastronomia é um dos setores que mais depende do trabalho de imigrantes na França. Por isso, profissionais da área se mobilizam contra a nova lei, que dificulta a contratação desta mão de obra.

Aproximadamente mil pessoas já assinaram o manifesto do coletivo “Na cozinha contra a lei racista”, lançado por dois chefes colombianos, que pede uma política efetiva de integração de estrangeiros pelo trabalho. O grupo é composto por profissionais da gastronomia e associações que trabalham pela inserção social e profissional de imigrantes através da culinária.

Os participantes se manifestam neste domingo, na Praça do Trocadeiro, oeste de Paris,  vestidos com os uniformes de cozinha e panelas nas mãos. Na segunda-feira (29), um jantar solidário será realizado às 18h, também na capital francesa, no espaço Ground Control, no 12º distrito.

A chefe brasileira Alessandra Montagne, que participa da mobilização, diz que o objetivo é pressionar para que a lei seja modificada. “Pedimos que eles revejam a lei, que facilitem a entrada das pessoas que querem vir trabalhar em áreas com pouca mão de obra na França”, explica.

O coletivo também defende o fim da comprovação de uma renda de € 5.000 (R$ 26.900) para estudantes, como previsto no texto. “Só vão vir pessoas ricas. A pessoa que não tem dinheiro e que quer aprender não vai entrar. Como posso ter igualdade assim? A França é o país da igualdade, da liberdade, é o país da diversidade cultural”, defende a chefe.

“Eu, quando cheguei aqui, não tinha € 5.000 para colocar numa conta. Imagina! Eu tinha só o dinheiro da passagem e nada além de uma mochila nas costas. Mas eu vim, trabalhei, lutei, fiz faxina, cuidei de criança e estudei. Trabalhei mais ainda com a minha profissão”, conta. “Nesses 20 anos de carreira na gastronomia, já paguei milhares de euros de imposto. Eu contribuí para a sociedade francesa. Eu não existiria na França com essa nova lei”, diz a chefe dos consagrados restaurantes Nosso e Tempero, em Paris, e que deve pilotar em breve os fogões do restaurante do Louvre, sob a égide de Alain Ducasse.

Alessandra lembra que essa é a realidade de muitos profissionais da gastronomia que são hoje conhecidos, como o chefe argentino Mauro Colagreco, do restaurante Mirazur, em Menton, na França, premiado com três estrelas Michelin. “Como a maioria dos chefes é estrangeira, estamos muito revoltados”, diz.

Mão de obra escassa 

Ela também chama a atenção para a situação dos imigrantes que já trabalham de maneira ilegal nas cozinhas da França. “Outra coisa muito importante são os estrangeiros que estão aqui sem visto, esses refugiados que trabalham em restaurantes. Pedimos que sejam regularizados”, diz.

Alessandra é presidente da associação Le Recho, que cuida de imigrantes na França. “A gente prepara comida e ajuda na inserção dessas pessoas na sociedade francesa, ajudando a ter visto, ajudando a ter lugar para ficar, roupa para vestir, etc. Pessoas em situação muito difícil, que às vezes embarcam e andam meses antes de chegar aqui ou na Itália ou em outros países da Europa”, conta a chefe.

“A gente tenta fazer o máximo para ajudar e, logo antes do Natal, quando eles aprovaram essa lei, a gente se preocupou muito porque essas pessoas serão as mais vulneráveis. Em todos os restaurantes tem muita gente estrangeira que trabalha muito”, lamenta.

Ela reforça que sem a possibilidade de contratar estrangeiros, o setor da gastronomia terá dificuldades. “Hoje eu tenho cerca de cinco pessoas que têm visto [trabalhando em seu restaurante]. Essas pessoas, é praticamente certo que não conseguiriam entrar no país com a nova lei. A pessoa não tem nem a possibilidade de chegar até aqui”, reforça.

O projeto de lei, adotado em 19 de dezembro, com o apoio de parlamentares da direita e da extrema direita, ainda não foi promulgado. O texto espera o parecer do Conselho Constitucional sobre sua legalidade, em 25 de janeiro.

O preço do jantar solidário é € 50 e dá direito a degustação de um menu composto por quatro pratos e um coquetel sem álcool. O evento também contará com shows e debates. Toda a renda será revertida a associações de ajuda a imigrantes.

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