Verstappen brinca de pique-pega, sobra de novo e lidera 1º de testes da F1 no Bahrein

É difícil imaginar que vai ter competição quando as coisas começam assim. O primeiro dia de testes coletivos de pré-temporada da Fórmula 1 foi esta quarta-feira (21) e terminou com uma verdadeira brincadeira de Max Verstappen. O tricampeão mundial sobrou de maneira olímpica e liderou com ampla vantagem e momento lúdico na pista do Bahrein.

Verstappen foi um de apenas dois pilotos que ficaram o dia inteiro no carro — George Russell foi o outro. Fora Red Bull e Mercedes, as oito equipes restantes lançaram mão de um piloto pela manhã e outro na parte da tarde, o que fez com que 18 dos 20 titulares do grid fossem à pista. Assim, Max já havia liderado a parte da manhã e começava a tarde em boa vantagem.

Mas a tarde começou a cair, o sol se escondeu e o traçado esfriou. Foi o suficiente para os tempos caírem. Lando Norris aproveitou e tomou de assalto a primeira colocação. O esforço durou por pouco mais de dez minutos, quando Verstappen passou com novo jogo de pneus, como num jogo de pique-pega — ou pega-pega, em outras partes do Brasil — e atropelou o tempo do rival. Mais tarde, faria volta ainda mais veloz: 1min31s344 e mais de 1s de vantagem.

O tempo de Verstappen representa melhora de 1s5 para a melhor volta da abertura dos testes em 2023. Mais que isso, foi 1s4 melhor que a liderança do TL1 do GP do Bahrein e 1S mais veloz que a volta líder do TL3 no evento do ano passado.

Max Verstappen mandou nas ações do dia (Foto: Red Bull Racing)

A verdade é que, graças ao cair da noite no circuito de Sakhir, a tabela de tempos foi dominada por quem andou durante a tarde. Norris ficou na segunda colocação, seguido por Carlos Sainz, Daniel Ricciardo,Lance Stroll, Pierre Gasly, Charles Leclerc, Fernando Alonso, Oscar Piastri e Guanyu Zhou. Destes, apenas Leclerc, Alonso e Piastri cravaram tempo na parte da manhã. Todos os dez primeiros registraram a melhor volta pessoal com os pneus C3, intermediário na gama de pneus da Pirelli que vai dos duros C1 aos macios C5.

Assim como na primeira metade do dia, o maior sobressalto do dia foi com a Williams: Alexander Albon havia tido problemas na bomba de combustível cedo, mas Logan Sargeant causou o próprio infortúnio inicial ao rodar sozinho. Depois, também sofreu com falha na transmissão.

Os testes de pré-temporada da F1 acontecem entre quarta-feira (21) e sexta-feira (23), com transmissão da F1 TV e cobertura completa do GRANDE PRÊMIO, com a análise do Briefing após cada dia de atividade. As sessões vão de 4h (em Brasília) até 13h, com intervalo das 9h às 10h.

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Confira como foi a tarde de testes da quarta-feira:

A tarde de testes da Fórmula 1 em Bahrein começou com maior calor que o da manhã. Embora por pouco, ainda 25°C no ambiente e 38°C na pista. Foi nesse cenário que os carros receberam o ok para serem acelerados.

A esmagadora maioria das equipes mudava o piloto para a sessão vespertina. Apenas Red Bull e Mercedes mantiveram Max Verstappen e George Russell, respectivamente. De resto, oito outros pilotos partiam para trabalhar: Carlos Sainz, Lando Norris, Lance Stroll, Pierre Gasly, Logan Sargeant, Daniel Ricciardo e Nico Hülkenberg.

Importante lembrar que, apesar de dividido em dois turnos, os testes são contabilizados por dias. Assim, a tabela já começava com o 1min32s548 de Verstappen pela manhã como o tempo da ponta. Charles Leclerc, Fernando Alonso, Oscar Piastri, Yuki Tsunoda, Russell, Valtteri Bottas, Alexander Albon, Esteban Ocon e Kevin Magnussen formaram o resultado. Albon parou na pista perto do fim com problema na bomba de combustível.

Carlos Sainz (Foto: Ferrari)

Diferente da parte da manhã, quando nove pilotos saíram à pista nos primeiros dois minutos, o começo da tarde foi em silêncio. Sainz saiu após quase dez minutos para rodar com os pneus C2. Mas havia pouca gente interessada em andar. Talvez pelo casamento do calor com o vento, maior que era mais cedo.

Após meia hora, Russell deu as caras de novo de pneus C3, como fizera por boa parte da manhã. Foi o suficiente para abrir a porteira, já que as equipes teriam de lançar mãos dos carros em algum momento. Gasly foi o próximo a sair, também fazendo o teste dos C1, como Ocon mais cedo. Verstappen resolveu fazer o mesmo. Hülkenberg sairia um pouco mais tarde, mas o movimento da primeira hora foi parco.

Quem acumulava voltas mesmo era Sainz, completando duas dezenas de giros antes do fim da hora inicial. E também foi nesse momento que saíram Ricciardo e Norris, enquanto Stroll passou depois dos 60 minutos, bem como Zhou. Sargeant continuava nos boxes, algo que tinha a ver com o problema de Albon no fim da sessão matinal.

No que dizia respeito a voltas rápidas, o movimento era ainda mais lento. Apenas Sainz, em quarto, e Russell, em sexto, haviam furado a bolha dos que andaram de manhã. Zhou foi o próximo a entrar na lista, mas para se colocar em oitavo, justamente 0s047 e uma posição na frente do companheiro Bottas.

Guanyu Zhou em ação na quarta-feira (Foto: Sauber)

Enquanto isso, restava ver os pneus com que cada equipe ia ao traçado. Hülkenberg tinha os C2 na Haas, enquanto Gasly mantinha os C1 e Zhou e Russell optavam pelos C3, bem como Sainz. Verstappen seguia com os C1 também. E, então, a primeira aparição dos C5 na temporada chegou justamente quando a Williams liberou Sargeant para entrar na pista. Mas após uma volta de instalação, voltou. Os mecânicos foram averiguar. Na Mercedes, Russell travava os pneus para contorno de curva.

Conforme a sessão vespertina se aproximava da metade, o sol começava a ir embora e a pista esfriava. Afinal, na marca de duas horas da sessão, o relógio local batia 17h (e 11h de Brasília, GMT-3). O movimento na pista também aumentava, graças ao esfriamento do asfalto.

Ricciardo era um que aproveitava para subir ao quinto lugar. Mas Norris mandava nas coisas e desbancava o tricampeão ao anotar 1min32s484 com a McLaren. A dianteira ficou alguns minutos na mão de Lando, mas logo Verstappen passaria num arrasador 1min31s661 com os pneus C3 novamente. Incríveis 0s822 mais rápido que o rival da McLaren.

Norris, bom lembrar, usava um capacete especial em tributo a Gil de Ferran. O desenho era aquele com o qual o piloto brasileiro, morto no fim do ano passado, venceu as 500 Milhas de Indianápolis em 2003.

Lando Norris com o pneu em homenagem a Gil de Ferran (Foto: McLaren)

Se a questão que afetou Albon mais cedo estava resolvida, Sargeant arrumava outras: o estadunidense rodou na entrada da curva nove e foi parar do lado de fora. Por sorte dele, não bateu em lugar nenhum, mas entrou direto nos boxes para rever o carro e trocar pneus. Saiu logo em seguida.

Outro a aumentar o ritmo conforme a noite chegava era Stroll, que foi ao quarto posto. Ricciardo e Russell apareciam na transmissão, mas não era melhorando o tempo: era travando pneus.

Apesar de voltar ao traçado após a rodada, logo Sargeant apareceu de novo parado com uma roda de mecânicos mexendo na traseira do carro. O motivo era uma falha na parte de transmissão do carro. Luz amarela para a Williams num dia em que a confiabilidade esteve em destaque positivo para as equipes.

Com uma hora para o fim da atividade, Verstappen ainda liderava e contava com apenas Norris e Sainz no mesmo segundo — respectivamente 0s822 e 0s922. Ricciardo, Stroll, Leclerc, Alonso, Piastri, Zhou e Sargeant fechavam um top-10 dominado pelos pilotos que andaram à tarde, sobretudo após a queda do sol.

Gasly, sem as amarras dos pneus mais duros possíveis, pulou rapidamente para o top-10 na hora final. Enquanto isso, estava aparente que Russell terminaria distante da lista dos dez primeiros, uma vez que começava simulação de corrida evidente com pouco mais de hora para o final. Ele e Verstappen cruzavam a marca de 100 voltas alcançadas.

Mas Verstappen não parava de andar rápido, não. O tricampeão foi para cima e descolou um 1min31s344, 1s1 melhor que o segundo colocado. Impressionante para o primeiro dia.

Na tentativa de encontrar alguma coisa, Norris travou o pneu na curva dez e quase foi embora. Mas Stroll ainda se viu em situação pior, com parte do monoposto caindo. O carro do canadense estava quase 50% pintado de parafina e a força do produto derrubou o espelho retrovisor da Aston Martin. Ricciardo passou por cima metros atrás.

Os últimos minutos ofereceram alguma chance de maior quilometragem, mas nada de muito emocionante pelo traçado. Valeu, mesmo, o absoluto domínio de Verstappen.

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