O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, deixa a Trump Tower para comparecer ao julgamento do processo de difamação movido contra ele pela escritora E. Jean Carroll, em 26 de janeiro de 2024
O líder republicano Donald Trump saiu furioso do tribunal de Nova York nesta sexta-feira (26), onde os argumentos finais foram ouvidos no julgamento por difamação movido pela escritora E. Jean Carroll, que o acusa de arruinar sua reputação.
O ex-presidente (2017-2021) abandonou a sala quando a Promotoria apresentou seus argumentos neste caso que Trump considera uma “caça às bruxas” orquestrada pela “esquerda radical” para impedir seu retorno à Casa Branca nas eleições de novembro.
Carroll, uma escritora e jornalista de 80 anos, exige 10 milhões de dólares (49,2 milhões de reais na cotação atual) ao republicano por danos à sua reputação após declarações feitas em 2019 pelo ex-presidente, depois que ela publicou um livro e um artigo em que afirmava que o magnata a estuprou em uma loja de departamentos na década de 1990.
Trump, que costuma chamá-la de “louca” e “doente”, afirmou então que a jornalista “não fazia seu tipo” e que ela inventou o estupro para “vender seu novo livro”.
“Isso destruiu a minha reputação”, disse a escritora no julgamento.
Após os argumentos finais e um recesso para o almoço, o júri iniciará as deliberações no início desta tarde para determinar se “o Sr. Trump agiu maliciosamente, por ódio, má vontade, ou rancor, de forma vingativa ou por indiferença imprudente ou deliberada aos direitos da Sra. Carroll” e, em caso positivo, o montante que acreditam que o ex-presidente deveria pagar à escritora.
Em maio do ano passado, outro júri considerou o republicano culpado de agressão sexual e difamação, e ele foi condenado a pagar 5 milhões de dólares (24,6 milhões de reais na cotação atual) a Carroll, embora tenha recorrido da decisão.
– ‘Como Monica Lewinsky’ –
Trump não demorou muito para criticar, em sua plataforma Truth Social, o juiz, a demandante e sua advogada.
Após comparar o caso com o de Monica Lewinsky, a estagiária que teve uma relação com o então presidente Bill Clinton, repetiu que E. Jean Carroll, “que estava em crise e fracassando na vida, […] ganhou o dinheiro e a fama que tanto desejava”.
“Um presidente dos Estados Unidos foi acusado de fazer algo que não fez por uma mulher DESCONHECIDA, PARA ELE, que buscava fama, fortuna e publicidade para seu livro ridículo”, escreveu Trump, que também arremeteu furioso contra o sistema judicial, que, segundo ele, é “um caos”.
Após insistir em comparecer ao tribunal para se defender, Trump conseguiu finalmente fazê-lo na quinta-feira, mas o juiz de instrução Lewis Kaplan limitou sua declaração a três perguntas, às quais tinha que responder com sim ou não.
“Ela diz algo que considero falso”, começou Trump, antes que Kaplan o interrompesse. “Isso não é os Estados Unidos”, gritou o bilionário ao sair do tribunal, visivelmente irritado.
Na noite de quarta-feira, em sua plataforma Truth Social, Donald Trump lançou uma enxurrada de ofensas à denunciante. O magnata reiterou que “jamais tinha visto ela em sua vida”, apesar de, no primeiro julgamento, a defesa de Carroll ter apresentado uma foto em que os dois aparecem sorridentes, com seus respectivos companheiros da época.
Esta é uma das muitas frentes judiciais que o ex-presidente deve enfrentar em plena corrida eleitoral. Trump considera que esses processos são parte de uma “caça às bruxas” para evitar seu retorno à Casa Branca.
Sobre o ex-presidente pesam 91 acusações penais em diversos tribunais, a maioria relacionada com suas tentativas de permanecer no poder após as eleições de 2020, vencidas pelo democrata Joe Biden, um triunfo que ele insiste em não reconhecer.
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