O Sporting empatou em casa do Rio Ave (3-3) e, mais do que o vento e a chuva, o grande adversário foi mesmo o plano ambicioso de Luís Freire, a impedir a equipa de Rúben Amorim de fazer o seu jogo. Os erros individuais fizeram o resto. Acabou assim a série de oito vitórias consecutivas do leão no campeonato
Luís Freire e a arte de deixar o Sporting desconfortável
A conferência de imprensa de antevisão ao jogo em Vila do Conde mostrou um Rúben Amorim avisado. Sabia que a meteorologia poderia afetar o encontro com o Rio Ave, sabia que a equipa de Luís Freire conhece e anula bem os pontos fortes dos adversários e que isso nota-se até mais com os grandes. E sabia que estava aqui um jogo em que o Sporting poderia perder pontos. Terá acertado em quase tudo, só não contava com uma noite em que erros individuais amaldiçoaram o que, per se, já seria uma tarefa de monta.
Frente a um Sporting que vinha de oito vitórias consecutivas no campeonato e, mais importante, de exibições sólidas e mandonas, com enorme coesão coletiva, Luís Freire ganhou a batalha tática a Rúben Amorim, que tinha plano B, pouco original mas ainda assim um plano, e que até poderia ter saído do Estádio dos Arcos com uma vitória. Mas o que em outros jogos se alinhou, desta vez não se conjugou, por erros próprios mas com muito mérito do Rio Ave
Num jogo que começou praticamente com o espectacular golo de Úmaro Embaló, lançado por Fábio Ronaldo, a cortar de pé esquerdo frente a Geny Catamo e depois a rematar ao ângulo com o pé direito, o empate de Hjulmand ainda antes dos 10 minutos de jogo deu ao Sporting o momento. Nos 20 minutos seguintes, o Sporting ativou a dinâmica coletiva que tão eficaz tem sido e engatilhou três oportunidades para marcar: primeiro aos 14’, com Jhonatan a defender primeiro um remate de Gyokeres à entrada da área e depois a recarga de Pote; aos 20’, quando Gyokeres rematou de surpresa, sem ângulo, num lance onde o cruzamento parecia mais lógico – Jhonatan quase comprometia – e aos 30’ Trincão hesitou por microssegundos, permitindo que Nóbrega lhe estragasse o remate.
Este último lance, que deixou Trincão KO – e muita falta faria ao Sporting na 2.ª parte -, marcaria o fim das veleidades permitidas pelo Rio Ave aos leões. A equipa de Luís Freire juntou linhas, estabilizou o jogo e desatou a atacar a profundidade, com Catamo e Diomande em grandes dificuldades para controlar Fábio Ronaldo e Aziz, que aos 31’ viu Adán largar uma bola aparentemente controlada, deixando-a bem a jeito para Úmaro bisar. O jogador formado no Benfica, de tanto tentar colocar a bola, atirou-a por cima, com a baliza à sua mercê. Cinco minutos depois, uma grande jogada do Rio Ave, a construir com paciência e ao mesmo tempo simplicidade a partir de trás, Fábio Ronaldo foi lançado em velocidade, rematando ao poste.
Era o melhor momento do Rio Ave, a massacrar a linha defensiva do Sporting com bolas nas costas e a velocidade dos seus atacantes. No meio-campo, João Graça dirigia a orquestra. Péssimo momento para Amine errar na saída de bola, praticamente entregando-a a Viktor Gyokeres, que disparou para o 2-1. Aos 43’, e depois de 10 minutos encostado às cordas, o Sporting via-se inesperadamente a ganhar.
Foi a segunda oportunidade para os leões agarrarem o jogo. O intervalo permitiria conversas e ajustes, mas antes disso a impetuosidade de Nuno Santos, a entrar em falso em cima de Costinha, tirou novamente o chão ao Sporting. Aziz marcou o penálti e o 2-2 ao intervalo era prova viva do vivíssimo jogo de futebol que se jogava em Vila do Conde, com voltas, reviravoltas, o momentum a girar.
Esta temporada, frente aos grandes, o Rio Ave foi sempre uma equipa competitiva. Carregou sobre o Benfica na Luz antes de uma expulsão mudar o jogo e travou defensivamente o FC Porto no Dragão, de onde trouxe um empate. E na 2.ª parte deste jogo com o Sporting foi ainda mais ambicioso: a pressão alta aplicada deixou a primeira linha leonina desconfortável e a habitual facilidade dos defesas leoninos quebrarem linhas com os seus passes longos foi totalmente manietada. Lá na frente, o desacerto também era muito: Edwards foi um mau substituto de Trincão e os pés de Pote pareciam incapazes de segurar uma bola. A bola longa começou a aparecer, com poucos resultados – Gyokeres desapareceu na 2.º parte.
Aos 66’, com o Sporting descaracterizado, sem capacidade de equilibrar e pegar no jogo, ainda apareceu mais um erro individual para ajudar ao equívoco: Adán saiu completamente fora de tempo a uma desmarcação de Aziz e abalroou o avançado ganês. No penálti, que ninguém ousou contestar, de tão óbvio o erro do espanhol, o mesmo Aziz colocou novamente o Rio Ave na frente.
Punha-se complicado o jogo para o Sporting até porque na defesa o Rio Ave ia controlando todas as tentativas de jogo direto leonino. Na única falha de atenção, o Sporting empatou: aos 73’, Pote foi rápido no lançamento lateral, colocou a bola em Morita junto à linha final, com o japonês a cruzar para a entrada de rompante de Coates.
Tudo em aberto, novamente. O Rio Ave não deixou de ser a equipa perigosa na pressão, forçando o erro do Sporting, que ia respondendo com futebol direto, à falta de mais opções. Com a chuva a cair com mais intensidade, entrou o plano alternativo de Rúben Amorim: tal como em dias desesperados da época passada, Coates passou a ser ponta de lança. Luís Freire foi refrescando e a entrada de Adrien Silva para o meio-campo não descaracterizou a estratégia.
Já o Sporting, mesmo com um panzer e um gigante lá na frente, quase nunca conseguiu criar perigo. Exceção feita a um lance já nos descontos, uma jogada de insistência que acabou com um remate de Pote muito por cima.
Vila do Conde assistiu a um bom jogo de futebol e a um Sporting desconfortável como pouco se viu esta época. E com os leões e FC Porto a perderem pontos, o Benfica é agora líder, ainda que o Sporting tenha um jogo em atraso.
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