Na Netflix: 2 estrelas da Marvel se unem em grande blockbuster de ficção científica - que recebeu críticas terríveis

Passageiros, com as estrelas Chris Pratt e Jennifer Lawrence, recebeu muitas críticas quando foi lançado nos cinemas em 2016. O blockbuster de ficção científica tem uma avaliação média fraca de apenas 41% no Metacritic e, de acordo com o Rotten Tomatoes, mais de dois terços dos críticos têm uma opinião negativa sobre o filme. Uma vergonha absoluta para uma produção tão ambiciosa e, com um orçamento de 110 milhões de dólares.

Mas talvez Passageiros não mereça todo o feedback negativo. Claro, o questionável romance de ficção científica de Morten Tyldum (O Jogo da Imitação) não é uma obra-prima do gênero – mas pode ser uma boa opção para assistir no streaming em casa. Além da Netflix, o filme também está disponível no catálogo do Prime Video.

Para desviar dos spoilers, aqui estão as qualidades do filme que dispensam descrições de enredo:

Em primeiro lugar, o drama de ficção científica impressiona pelas suas fortes contradições, que criam uma atmosfera única. Tyldum conta uma história muito íntima, quase como uma peça de câmera, usando os meios de um blockbuster. Como diz a crítica do AdoroCinema, “O ponto de partida desta ficção científica é interessantíssimo”.

O que entusiasma ainda mais é a discrepância gritante entre a fachada superficialmente bela e o subtexto sombrio, que inclui não apenas o romance de Chris Pratt e Jennifer Lawrence, mas todos os ângulos da cenografia e todas as fibras CGI virtuais, seja com os dois personagens principais maravilhados com a extensão infinita do espaço ou com Lawrence em um mergulho na ausência de gravidade.

A nave espacial é essencialmente um navio de cruzeiro no espaço. Tudo é muito bem cuidado, há um lindo jardim, opções sensacionais de entretenimento, um mordomo androide e muito mais. Mas para os protagonistas, este parque voador nada mais é do que uma luxuosa prisão cromada da qual nunca escaparão, o que nos leva à premissa do filme.

Qual é a história de Passageiros?

Em um voo de décadas para um planeta distante, o mecânico Jim (Pratt) e a escritora Aurora (Lawrence) acordam de seu sono frio 90 anos antes do que o programado. Como não há como voltar a esse estado, é como uma sentença de morte. Os dois morrerão a bordo da nave antes que a colônia segura seja alcançada. Isso é certo.

Mas o destino comum une os dois e eles passam momentos românticos juntos até que um problema técnico ameaça danificar tanto a nave que os outros 5 mil passageiros nunca chegarão ao seu destino. O grande romance entre os dois é abalado por uma ameaça existencial. Pelo menos é isso que o trailer nos vende como o conflito central do filme, mas isso está longe de ser toda a verdade.

Quem assistir ao trailer de Passageiros terá uma impressão completamente errada. A razão pela qual os dois estão acordados é o verdadeiro conflito do longa e atinge dimensões amargamente malignas que tornam o filme inesquecível.

Ironicamente, essa reviravolta também é o gatilho para muitas críticas contundentes. Para entrar nisso, é preciso dar um pequeno spoiler.

ATENÇÃO: SPOILERS DE PASSAGEIOS A PARTIR DAQUI

Acontece que originalmente apenas Jim acorda do sono frio. Porém, na solidão, ele se apaixona pela atraente Aurora e decide acordar sua companheira de viagem. Então ele a condena à morte apenas para tornar sua jornada mais suportável. Esta decisão altamente egoísta trouxe muitas críticas a Passageiros.

O filme nos vende Jim como um herói trágico que ao mesmo tempo faz algo tão imensamente ruim que não podemos perdoá-lo durante todo o tempo de duração. Também é questionável a maneira como esse conflito é resolvido, mas isso não estraga todo o filme.

O que Jim comete é moralmente errado, mas isso não faz dele um desumano. Quando se vê o filme, temos a consciência de que ele cometeu um erro terrível, mas também é possível compreender as suas ações. Jim ficou preso em uma das piores situações que um ser humano poderia imaginar: passar a vida inteira em absoluta solidão, sem nunca encontrar outra alma.

Trata-se do dilema de uma pessoa sem esperança de se comunicar novamente com outro ser vivo. As relações sociais são uma das necessidades básicas da nossa espécie. A decisão de Jim de acordar Aurora é terrível, mas profundamente humana.

O grande ponto da crítica é o que faz valer a pena ver Passageiros

Muitas vezes ouviu-se a sugestão de que Passageiros teria sido muito melhor como um suspense psicológico sombrio do que como um romance piegas de grande sucesso. Mas o próprio fato de duas belezas perfeitas de Hollywood estarem passando momentos quase ridiculamente quentes em um ambiente altamente artificial e luxuoso, apenas para vê-lo minado por um ato tão moralmente repreensível, dá ao filme um toque individual que um thriller rigoroso ou mesmo um filme de terror provavelmente nunca teria tido.

Mesmo que a resolução final do conflito tenha sido insatisfatória e inacreditável, Passageiros deu exatamente o que espera-se de um filme de ficção científica: visuais de tirar o fôlego e motivos para reflexão sobre a natureza da humanidade do sci-fi.

O fato de Passageiros permanecer tão vívido na mente mesmo anos após seu lançamento e ainda questionar o que teríamos feito no lugar de Jim é um sinal claro de que o filme, entre seus deslizes, também teve seu charme.

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