Forças de Estados Unidos e Rússia operam lado a lado em África (o que faz aumentar a tensão)
Base aérea 101, em Niamey, Níger (Bertrand Guay/AFP/Getty Images/File)
Há tropas russas e norte-americanas a operar na mesma base. A situação ocorre no Níger há algumas semanas, confirmou a CNN junto de responsáveis da Defesa dos Estados Unidos. Entretanto, o secretário norte-americano da Defesa, Lloyd Austin, também já confirmou a situação, que coloca lado a lado duas forças inimigas, ainda para mais numa altura de maior tensão, com o desenvolvimento da guerra na Ucrânia.
“A base aérea 101, onde estão as nossas forças, é uma base áerea nigerina localizada perto de um aeroporto internacional na capital [Niamey]. Os russos estão num complexo separado e não têm acesso às forças norte-americanas ou ao nosso equipamento”, garantiu Lloyd Austin.
Em paralelo há o desejo da junta que governa o Níger atualmente, depois do golpe de Estado de julho de 2023. As autoridades no poder foram bem claras: querem os Estados Unidos fora do país, o que dá uma alavancagem à Rússia para fazer pressão.
O que se sabe é que os russos têm estado a utilizar um hangar da base 101, evitando operações no mesmo espaço dos norte-americanos, mas partilhando a mesma base, até porque “não é uma área assim tão grande”, como confirmou uma das fontes à CNN.
A resistência norte-americana em deixar o local prende-se com dois fatores: o Níger é um local estratégico para as operações de contraterrorismo dos Estados Unidos; a influência russa aumentaria substancialmente numa região já de si complicada.
Talvez pela importância dessa mesma presença o comandante do Comando dos Estados Unidos em África e a vice-secretária da Defesa para os Assuntos de Segurança Internacional visitaram o Níger em março, expressando preocupação pelo aumento da presença militar russa no território.
O general Michael Langley e Celeste Wallander levantaram também preocupações sobre o futuro daquela base em específico, temendo que possa virar de vez para os russos que a ocupam.
Esses encontros, diz a CNN, foram tensos, culminando no anúncio do Níger de que iria revogar o acordo que permitia a presença de militares e civis norte-americanos a trabalhar no país desde 2014.
Mas o exército dos Estados Unidos tenta resistir: está a trabalhar diretamente com as autoridades nigerinas para que a saída seja feita de forma ordenada. Em paralelo, uma delegação norte-americana vai ao Níger – o Pentágono “espera” que seja ainda “esta semana” – para tentar amenizar a discussão.
A influência russa e grande cooperação de Moscovo com a nova junta do Níger tem estado no foco das discussões entre a mesma junta e os Estados Unidos. Níger e Rússia acordaram um fortalecimento dos laços militares em janeiro, confirmou o ministério russo da Defesa.