Sem casos detetados na Igreja Lusitana, abusos é tema que preocupa

A questão dos abusos sexuais em ambiente eclesial é um tema que está também nas preocupações da Igreja Lusitana que, embora não tenha detetado nenhum caso na sua esfera, adotou já o projeto Igreja Segura.

sem casos detetados na igreja lusitana, abusos é tema que preocupa

A questão dos abusos sexuais em ambiente eclesial é um tema que está também nas preocupações da Igreja Lusitana que, embora não tenha detetado nenhum caso na sua esfera, adotou já o projeto Igreja Segura.

Há um ano, aquando da apresentação do relatório sobre os abusos no seio da Igreja Católica Romana em Portugal, o bispo da Igreja Lusitana, Jorge Pina Cabral, admitiu que o problema dizia respeito também “às outras Igrejas cristãs”.

Um ano depois, em entrevista à agência Lusa, o bispo é pragmático: “de que eu tenha conhecimento ou que a Igreja [Lusitana] se tenha debruçado sobre essa realidade, não tivemos esses casos, mas podemos vir a ter, ou seja, o que eu quero dizer é que nenhuma igreja está imune a este flagelo do abuso, a este flagelo de violência”.

E, clarificando o que afirmou há um ano, Pina Cabral afirma que o que procurou dizer é que “aquilo que diz respeito à Igreja Católica Romana, naturalmente que em primeira instância tem de ser lidado pela própria Igreja Católica Romana, mas também afeta e diz respeito a todas as outras igrejas, porque o que se passa numa igreja influencia sempre as outras e transmite uma determinada imagem para a sociedade”.

“Foi uma chamada de atenção”, diz.

E o tema está bem presente na sua Igreja, que “estabeleceu como uma das prioridades aquilo que se chama o projeto Igreja Segura, que visa que a Igreja esteja consciente das medidas que tem de tomar” para que os seus responsáveis e agentes pastorais que lidam com os fiéis, em particular com as crianças ou adultos vulneráveis, tenham “determinado tipo de comportamento, de currículo, de formação, que os ajude nas suas funções”.

“A Igreja procura ter aqui uma ação preventiva para evitar essas situações”, explica, adiantando que essa ação se consubstancia “em formação, por exemplo, para monitores de campos de férias, em encontros de sensibilização para o clero, na verificação do clero que vem de outras igrejas para trabalhar na nossa, de verificação dos seus currículos e de contacto com as igrejas onde eles estiveram para que o seu passado possa ser claro para todos e se possa ter conhecimento da idoneidade da pessoa que vem servir a Igreja”.

E se a questão dos abusos preocupa, outro tema vai fazendo caminho na Igreja, o da bênção de uniões entre pessoas do mesmo sexo, que nalgumas regiões do globo ameaça mesmo com ruturas face à hierarquia.

Jorge Pina Cabral diz acompanhar a questão “com muita expectativa”, pois “o que se verifica a nível da Comunhão Anglicana e a nível também das outras igrejas é que há profundas diferenças culturais a nível dos contextos em que as igrejas desenvolvem a sua missão”.

“Nós temos a realidade de países, nomeadamente em África, onde, por exemplo, as questões da homossexualidade são penalizadas, onde a homossexualidade é vista ainda como um crime. Ora, naturalmente, nesses contextos, é muito difícil que a própria Igreja tome outro tipo de posições”, admite, adiantando que, num “contexto mais ocidental, europeu e norte-americano, (…) culturalmente há uma maior aceitação, inclusividade das pessoas que têm uma orientação homossexual”.

Segundo Pina Cabral, “isso tem levado a que algumas Igrejas da Comunhão Anglicana tenham, fruto de reflexão teológica, de reflexão bíblica, fruto também do contributo das ciências humanas e sociais, procurado uma maior inclusividade das pessoas homossexuais no seio das Igrejas”.

“As Igrejas anglicanas são unânimes em reconhecer um primeiro aspeto que é o de que no Povo de Deus os homossexuais são bem-vindos e as comunidades devem procurar uma maior inclusividade daqueles que se assumem, que assumem a sua homossexualidade”, assegura, ressalvando, no entanto, que um “segundo ponto é a questão de a Igreja providenciar uma bênção, ou um rito sacramental, para essas relações que estão estabelecidas e muitas vezes até para casais que estão casados legalmente”.

Nesse aspeto, verifica-se “que algumas Igrejas permitem já (…) o casamento de casais homossexuais, [enquanto] outras definem a bênção para os casais homossexuais. Portanto, há uma diferença entre providenciar o sacramento do matrimónio e entre dar uma bênção para casais”.

“O que eu entendo pessoalmente é que o matrimónio à luz da Bíblia e do ensinamento bíblico é efetivamente uma instituição que requer a complementaridade entre homem e mulher. Mas, pessoalmente, entendo que a Igreja deve procurar providenciar a bênção de Deus através de um rito próprio para aqueles casais que, sendo casados homossexualmente e civilmente, buscam da Igreja também o reconhecimento e a bênção de Deus para a sua união”, afirma o bispo Pina Cabral em entrevista à agência Lusa.

No seio da Igreja Lusitana, esta discussão ainda não foi feita, mas aquilo que Pina Cabral defende é que os homossexuais têm de ser acolhidos na Igreja e esta tem de “receber aquilo que eles têm a dar à própria Igreja”.

Leia Também: VITA apresenta proposta sobre indemnizações a vítimas de abusos na Igreja

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