Enchentes no Rio Grande do Sul são consequência de mudanças climáticas e El Niño, dizem cientistas
Enchentes no Rio Grande do Sul são consequência de mudanças climáticas e El Niño, dizem cientistas
Cientistas brasileiros e franceses acreditam que as enchentes no Rio Grande do Sul são consequências do El Niño e das mudanças climáticas. A tragédia no sul do Brasil foi, mais uma vez, destaque na imprensa francesa nesta quarta-feira (08).
O jornal Libération analisa “o coquetel climático” que acabou favorecendo as chuvas torrenciais que atingiram mais de dois terços do estado brasileiro e provocaram a morte de pelo menos 95 pessoas.
De acordo com informações publicadas pelo Instituto de Meteorologia do Brasil, Porto Alegre recebeu em três dias uma quantidade de chuvas que corresponde a dois meses de precipitações no estado.
O jornal salienta que ainda é cedo para interpretar as causas e identificar o peso de cada uma delas, mas os cientistas acreditam que a catástrofe seja resultado de uma conjunção dos efeitos das mudanças climáticas e do El Niño, fenômeno que tem como consequência o aumento dos índices de umidade atmosférica no sudeste da América Latina.
Calor e chuva
Ao mesmo tempo, o El Niño é responsável pelo calor recorde no Brasil neste ano, lembra o climatologista e membro do IPCC, Robert Vautard, citado pelo Libération. “O norte do Brasil atravessa uma seca importante, com condições anticiclônicas e calor intenso que repele a umidade para o sul do país”, diz o especialista.
O cientista brasileiro José Marengo, também citado no texto, lembra que para cada grau de aquecimento suplementar do planeta, o ar passa a conter mais vapor de água, o que levará a um aumento de 7% das chuvas como as que atingem neste momento o Rio Grande do Sul. “Hoje constatamos que estes fenômenos ganham uma dimensão totalmente nova. E isso é apenas o começo”, afirma ele.