Tantos livros escritos por IA estão sendo publicados que a Amazon tomou uma decisão sem precedentes

O aparecimento massivo de livros escritos por inteligência artificial está começando a ficar fora de controle. A chegada do ChatGPT impulsionou o que já era viável antes utilizando a API GPT há algum tempo. Só que o ChatGPT em si facilitou o acesso a um recurso que pode ser usado para o bem e para o mal: deixar um bot escrever para nós.

Isso, por sua vez, abriu uma porta para aqueles que viram a oportunidade de negócio. A ideia? Usar prompts para gerar páginas e mais páginas para combinar em um livro. Depois, fazer uma autopublicação (sem recorrer a editoras) para colocar na Amazon e no Kindle e ganhar dinheiro com as vendas de um livro escrito por IA.

Tantos livros escritos por IA estão sendo publicados que a Amazon tomou uma decisão sem precedentes

Depois do “ghost writer” (escritor fantasma), agora a moda é o “escritor robô” (Imagem: Xataka via Midjourney) 81% de livros escritos por IA

Por incrível que pareça, isso não é um devaneio ou uma hipótese, é algo que vem acontecendo há meses e que levou a Amazon a tomar uma medida restritiva. A “solução” encontrada foi que autores só podem publicar por conta própria três livros por dia como limite na Amazon. Sim, até três livros diários.

Antes havia outro número limite – que a empresa não revelou exatamente qual era. O fato de três livros por dia serem vistos como um limite já nos dá um sinal do quão alta é a atividade desses autores que usam bots para escrever seus livros. E estamos falando de autores que copiam e colam diretamente o que o bot escreve e não daqueles que usam o GPT para desenvolver ideias.

A simples presença massiva desses textos nas livrarias eletrônicas, dificulta a localização de obras de autores independentes que não usam IA. Se o mercado literário estiver inundado de baixa qualidade, o leitor terá muito mais dificuldade em encontrar uma obra de qualidade feita por um humano (seja ela com ou sem auxílio de IA).

Outro problema é a questão de livros escritos por um bot baseados na replicação de livros originais. Já até existem exemplos reais de cenários como este. O Washington Post relatou um deles onde três semanas depois de publicar um livro técnico que levou mais de um ano para ser escrito, uma cópia escrita por IA surgiu com um título idêntico.

Outra tendência semelhante a esta também se tornou um problema real: resumos de livros populares escritos por IA. Existem muitos por aí. Além disso, por vezes, esses resumos podem até confundir o usuário e fazê-lo acreditar que se trata da obra original.

Segundo a escritora freelancer Caitlyn Lynch disse ao TechRadar, apenas 19 dos 100 livros mais vendidos na Amazon na categoria “Romance Contemporâneo” eram obras escritas por humanos. Os 81 livros restantes foram escritos por bots de inteligência artificial.

Há vantagens claras no uso da IA ​​por um escritor: ela pode ajudá-lo a gerar novas ideias e tipos de histórias, transcendendo os limites da sua imaginação, ou encontrar alternativas ao seu vocabulário ou aos exemplos que você usa. Porém, o uso da IA ​​como substituto total da escrita humana dificilmente terá consequências positivas – exceto para o autor que vê o dinheiro entrar na conta após pouquíssimo esforço.

Para o resto de nós, isso significará evitar essas “armadilhas” (obras feitas por inteligência artificial onde o autor não deixa explícito isso) e desenvolver uma certa capacidade de detectar quais livros foram escritos por um bot e quais não foram.

Inscreva-se no canal do IGN Brasil no Youtube e visite as nossas páginas no Facebook, Twitter, Instagram e Twitch!