No dia em que admitiu Óscar Afonso para ministro das Finanças, Montenegro acabou comparado a Passos e Cavaco

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Montenegro

Foi na Feira do Fumeiro de Trancoso que Luís Montenegro deu o primeiro passo na sua campanha para as legislativas. Brindou com três copos de vinho, comprou uma pequena estátua de pedra, e, quase no final, escolheu uma banca de enchidos para revelar um dos nomes de dentro do seu partido que vê como ministeriável.

“Estuda gestão ou economia?”, perguntou o presidente do PSD a uma jovem que vestia uma camisola com o símbolo da Faculdade de Economia do Porto e que, com o pai, estava a vender produtos locais na feira. “Gestão”, devolve a jovem, “uma futura gestora do Governo”, apontou o pai. “Olha, nunca se sabe, é uma boa escola a Faculdade de Economia do Porto, sabe que o diretor da sua faculdade está nas nossas listas?”,  respondeu Montenegro. “E daria um bom ministro das Finanças?”, questionou a CNN Portugal. “É uma possibilidade”. “Tem capacidade, qualificação e competência para isso, como para muitas outras coisas.” É Óscar Afonso.

O momento ocorreu já perto do fim da ronda por todas as pequenas lojas tradicionais, que durou cerca de uma hora e meia. Embalado pelos resultados da última sondagem que coloca a Aliança Democrática à frente do PS com uma vantagem de três pontos percentuais, Luís Montenegro escolheu o distrito da Guarda para inaugurar oficialmente a campanha eleitoral. Distrito esse que desde 2019 que tem votado sempre no PS.

Mas agora com António Costa fora da equação, Montenegro vê uma boa hipótese de reconquistar o distrito à boleia da ameaça que uma nova geringonça constitui para a estabilidade no cenário pós-eleitoral. “Se houvesse estabilidade do lado do PS, não estávamos em eleições. Nós estamos em eleições porque o PS não foi capaz de criar estabilidade sozinho, o que fará acompanhado?”, referiu Montenegro naquela que foi a sua primeira intervenção após se lançar à estrada, em busca de bater a mensagem socialista.

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Montenegro na Feira do Fumeiro, em Trancoso ao lado da cabeça de lista da AD pela Guarda

 

“As sondagens dão força, mas vai ser difícil batermos o PS aqui”, confessa António Alves, reformado de 59 anos e militante do PSD em Seia. “Esta é uma região muito envelhecida, onde o voto dos pensionistas conta muito e onde, infelizmente, ainda há muita gente que tem uma má memória de Passos Coelho, que ficou preso ao memorando que Sócrates assinou com a troika, mas que, se calhar, podia ter ido menos longe”.

Na última Convenção da AD, em janeiro, Luís Montenegro apontou como seu objetivo pessoal “reconciliar-se” com os pensionistas e reformados e, desde esse momento, tem dado tudo para chegar a esse segmento. E a mensagem parece mesmo estar a passar, com a última sondagem da Universidade Católica para a RTP1 e Antena 1 a mostrar que a preferência de voto desta faixa etária na AD já atinge os 30% – menos 7 pontos que a do PS.

Pelo menos um voto já conquistou. O de José Mendes Afonso, o criador de esculturas em pedra de 62 anos que, antes de Luís Montenegro entrar sala adentro, disse que o encontro com o líder do PSD ia ditar se ia votar ou não nele. “Toda a gente diz muita coisa, querem tudo ao mesmo tempo, mas no final faz-se pouco”, referiu.

O escultor acabou por conseguir vender-lhe uma estátua de uma criança, “símbolo de saúde” e de que “é preciso fazer as coisas uma de cada vez”. “O importante não é fazer rápido, é fazer bem, mesmo que mais devagar”, respondeu Montenegro.

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Continua a tentativa de reconciliação com os pensionistas

Luís Montenegro entrou na feira ao som da música Thrift Shop, de Macklemore e, na visita a Trancoso, – um dos concelhos que os sociais-democratas têm perdido para o PS -, esteve sempre colado a Dulcineia Moura, cabeça de lista da AD para a Guarda. À CNN Portugal, reconheceu que recuperar a confiança dos pensionistas é uma tarefa difícil, também por causa do sentimento que existe em torno de Passos Coelho. “A mensagem não passa, é uma injustiça”, explica.

Ainda assim, define como essa a sua grande prioridade para esta campanha. “São pessoas em contexto de mundo rural que viveram uma vida inteira e que têm pensões miseráveis, que estão a viver com dificuldade, e nós temos que olhar, para estes territórios e para estas pessoas, de uma forma particularmente emergente e prioritária”.

Luís Montenegro saiu da Feira do Fumeiro ao final da manhã, rumo a Sernancelhe, onde tinha combinado um almoço particular antes de avançar para o primeiro comício da campanha eleitoral, em Lamego.

A sua comitiva que também seguiu para Sernancelhe recebeu, durante o almoço, uma notícia inesperada. Pedro Nuno Santos e a caravana do PS também iam passar por Lamego no caminho para Viseu. Não estava no plano e às 17:00, uma hora antes de arrancar o comício de Montenegro, Pedro Nuno desfilava sob o eco de cânticos das suas jotas a 200 metros de onde estava instalada a caravana social-democrata.

“Aqui, estamos nós muito mais à vontade”, referiu o líder socialista, justificando que Lamego era demasiado importante para não fazer parte da campanha do PS. Pedro Nuno chegou mesmo a colar o peso da governação de Passos Coelho em Montenegro, tratando-o por “12.º ministro de Passos Coelho”.

A resposta dos sociais-democratas surgiu quando começou o aguardado comício em Lamego, no Teatro Ribeiro Conceição. António Leitão Amaro, número um das listas da AD a Viseu sublinhou logo que essa comparação com Passos Coelho era bem-vinda. Montenegro, “como Cavaco Silva ou Passos Coelho”, “ficou conhecido por juntar o conhecimento real do País com a capacidade de fazer escolhas difíceis e apresentar soluções mais sofisticadas”

Já Pedro Nuno Santos, continuou, “não tem nada para o país a não ser o seu discurso fleumático e medo”.

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Montenegro no primeiro comício desta campanha, em Lamego

Comparado a Cavaco e a Passos, novamente

Na terra das históricas maiorias de Cavaco Silva, Leitão Amaro comparou as medidas que Luís Montenegro propôs em termos de pensões com a “coragem” demonstrada nos governos anteriores de Cavaco. “ O Luís é notável pela sua coragem e pelo risco reformista quando diz vamos baixar o IRS, mas temos de deixar o último escalão de fora ou quando diz que é preciso garantir o rendimento mínimo aos pensionistas de 820 euros”. “Em todas essas escolhas”, disse Leitão Amaro, Montenegro “lembrou-nos de outro líder do PSD, Cavaco Silva”.

E se Leitão Amaro deu a dimensão das reformas como comparação com Cavaco, Luís Montenegro aproveitou a sua investida no Cavaquistão para voltar a focar-se no perigo de instabilidade de uma reedição da geringonça, agravada pela posição do PCP face à invasão da Ucrânia. “Não nos uniremos a partidos que defendem que Portugal não deveria estar na NATO. Os portugueses sabem que comigo não estará ninguém que não se identifique com os valores da social-democracia e a democracia cristã”.

E voltou a responsabilizar o Partido Socialista por gerar “a maior instabilidade política em Portugal que desde o 25 de Abril” e por “incapacidade de utilizar a confiança do povo português”. “

E de todas as “as demissões e trapalhadas” que levaram à queda de António Costa, Montenegro focou-se naquela em que “os portugueses seguramente se recordam logo”. “Recordam seguramente a incapacidade do ministro das infraestruturas, que suplicou para ficar no Governo” e recordam-no por “ter depauperado o interesse público em vários dossiers”, como a “TAP, onde a sua teimosa ideológica, impôs uma fatura de 3 mil milhões de euros” ou da escolha do local para o novo aeroporto, “em que traiu a palavra do Governo e do próprio primeiro-ministro”.

No final, antes de ser engolido por uma multidão muito maior do que aquela que o acompanhou em Trancoso, ditou que não tem “problema nenhum em assumir politicamente” a sua prioridade máxima para o próximo governo. “São os mais jovens”, declara. “Não nos podemos conformar com uma situação em que um em cada três sai do País (…)  Temos que dar aos jovens a esperança de eles alcançarem em Portugal aquilo que ambicionam”.

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