Como o Real Madrid virou o Brasil na Champions League

Dentre os times semifinalistas desta Champions League em 2023/24, o Real Madrid foi o que mais tinha jogadores brasileiros. Quatro no total. Um deles ainda engatinha com a camisa merengue, Vinícius Tobias, mas três já estão na história do clube: Éder Militão, Rodrygo e Vinícius Júnior.

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Longe de ser novidade. Desde 1999, sempre há alguém nascido no Brasil em finais da principal competição de clubes da Europa. E seguirá sendo assim, com o Real Madrid dos brasileiros enfrentando um Borussia Dortmund sem tupiniquins na grande decisão.

Não é exagero dizer que os merengues se transformaram, de certa forma, nos grandes representantes do futebol brasileiro dentre os protagonistas da competição.

Vini e Rodrygo já na história

Rodrygo Vinicius Real Madrid

Hoje esta espécie de “Real Brasil” tem em Vinícius Júnior não apenas o grande protagonista entre os brasileiros, mas também entre todas as nacionalidades presentes na equipe treinada por Carlo Ancelotti.

Vini é autor do gol do título de 2022, na final vencida sobre o Liverpool na última conquista merengue até aqui. Uma temporada que também contou com o brilho de Rodrygo, essencial em dois gols relâmpagos marcados para eliminar o poderoso Manchester City naquela semifinal. Éder Militão era o titular na zaga madridista naquela campanha.

Vini e Rodrygo, vale destacar, estão alcançando lugar cada vez mais alto no ranking de brasileiros com mais gols marcados em Champions League. Vestindo a camisa do Real Madrid, nenhum outro tupiniquim balançou mais as redes do que a jovem dupla atual.

Não estamos falando apenas de gols anotados na hoje modorrenta fase de grupos, em duelos mais fáceis para as maiores potências. Ainda na casa dos 20 e poucos anos, Vinícius Júnior e Rodrygo se encaminham para serem os brasileiros recordistas em número de tentos anotados na fase de mata-mata. O líder neste quesito é Neymar (13 gols), mas Vini já tem nove e Rodrygo acumula sete.

Em semifinais, contudo, os quatro gols anotados por Vini Júnior ao longo de sua estadia pelo Real Madrid já lhe garantem o recorde nesta história – e a esperança é de ver tais números crescendo ainda mais.

Canário, o primeiro a alçar voo

Canario Real Madrid

Vini, Rodrygo e Militão são representantes mais do que dignos da linhagem brasileira do Real Madrid. É uma história que se inicia ainda no período de auge dos merengues na máxima competição europeia: apesar de Didi ser creditado por muitos como o primeiro brasileiro campeão da Champions, o craque bicampeão mundial pela seleção teve problemas no clube e sua passagem foi extremamente abreviada.

Canário, ponta-direita, foi efetivamente o primeiro jogador brasileiro a ser campeão europeu e a ser campeão europeu pelo Real Madrid. Foram dois títulos: 1958/59 e 1959/60. Com o ex-jogador do América-RJ (um atacante longe de ser uma grande estrela), a história íntima entre brasileiros e títulos europeus dos merengues realmente começou. E segue até hoje.

Fim de jejum

Roberto Carlos Real Madrid

Depois de mais de 30 anos de jejum, o Real Madrid viveu a sua segunda grande era europeia contando com ajuda de dois brasileiros: Sávio e Roberto Carlos.

Eles estiveram presentes, e com grande importância, nos títulos levantados em 1998 e receberam a companhia do zagueiro Júlio César na conquista de 2000, ocasião em que Roberto Carlos brilhou como ator coadjuvante com o lindo cruzamento que resultou no histórico golaço marcado por Zidane na final vencida sobre o Bayer Leverkusen. E ainda teve uma Champions em 2002, com Sávio e Roberto Carlos comemorando ao lado de Flávio Conceição.

Ronaldo e o brilho Galáctico

Ronaldo Nazario Real Madrid Brasil

Poucos clubes do mundo são tão ligados a uma competição como o Real Madrid é com a Champions League. A obrigação para se tornar uma lenda merengue passa pela taça orelhuda. Nem sempre, contudo, isso é possível, e existem casos raríssimos de atletas que conseguiram construir uma grande imagem pelos merengues sem o título europeu. Ronaldo Fenômeno é o grande caso brasileiro neste departamento.

Entre 2002 e 2007, Ronaldo foi um dos protagonistas de um momento marcante do Real Madrid: a primeira era dos Galácticos, a grande junção de craques da bola e do marketing em um grande clube no Século XXI. A curiosidade é que, com R9, por mais que aquele time tenha repercutido, não foi uma equipe campeã europeia.

Ainda assim, se você listar um número de grandes momentos do Real Madrid na Champions League, eventualmente vai acabar citando o duelo de quartas de final contra o Manchester United, em 2003, quando Ronaldo fez três gols em pleno Old Trafford, garantindo a classificação merengue para as semifinais mesmo com derrota por 4 a 3. Naquela noite europeia, a torcida inglesa fez sua reverência ao atacante. Um momento marcante da competição, do Real Madrid, de Ronaldo e, por consequência óbvia, dos brasileiros na Champions.

Marcelo, Casemiro e recordes históricos

Marcelo Casemiro Real Madrid Bayern Champions League 25 04 2018

Foi com outro Ronaldo, Cristiano, um português, que o Real Madrid reescreveu seu auge na Champions League. Cristiano Ronaldo era a grande estrela, mas aquela equipe contou com vários outros craques exercendo papel importante: Marcelo e Casemiro foram dos principais.

Apenas de Champions, foram cinco para Marcelo e Casemiro. Títulos conquistados com atuações marcantes, assistências e gols marcados em finais e outros mata-matas importantes. Para ficarmos apenas em grandes decisões, Casemiro fez um belo gol na final vencida sobre a Juventus, em 2017, enquanto Marcelo deixou sua marca em 2014, contra o Atlético de Madrid. Danilo, na lateral-direita, também foi campeão em 2017.

Passado, presente e futuro

Do passado remoto de Canário, a um menos longe com toda a lista de grandes nomes que vão de Roberto Carlos a Marcelo e Casemiro, até o presente momento com Vinícius Júnior, Rodrygo e Éder Militão, o Real Madrid conseguiu construir uma grande história tendo jogadores brasileiros. E o futuro já vai chegar, tendo em Endrick mais um candidato a grandes feitos com a mágica camisa merengue – que apesar de branca, também tem lá o seu toque de verde e amarelo.