China "mais repressiva em casa e mais agressiva no exterior" em 2024 previu embaixador da UE

A China deverá ser “mais repressiva” internamente e “mais assertiva e até mais agressiva no exterior”, em 2024, previu hoje o embaixador da União Europeia em Pequim, Jorge Toledo.

Na conferência “MERICS China Forecast 2024”, o responsável previu ainda que a China “esperará para ver” o resultado das eleições dos EUA para rever as suas ambições no combate às alterações climáticas.

“As tendências (para 2024) são semelhantes às do ano passado. A tendência geral é que a China seja mais repressiva em casa e mais assertiva e até mais agressiva no exterior. E não esperamos que se altere que a segurança nacional continue a suplantar a economia”, afirmou no evento transmitido hoje on-line.

Para ilustrar as tendências, o diplomata enumerou decisões tomadas na China como a lei da contraespionagem, as autorizações necessárias para estudantes e professores chineses colaborarem com grupos de reflexão (“think tanks”) e diplomatas, além do novo impedimento de publicação de estatísticas sobre juventude e desemprego “quando não são positivas”.

O responsável indicou ainda que, ao contrário do que acontecia até agora, só algumas decisões judiciais serão publicadas na sua totalidade.

“Tudo isto afeta a economia e os investimentos internacionais e na política temos uma grande incerteza, que são as eleições dos Estados Unidos”, marcadas para novembro, adiantou, a partir de Pequim.

Para Toledo, o resultado eleitoral na maior economia mundial fará Pequim “esperar para ver”, para, por exemplo, avançar no que parece ter sido uma “atualização nas ambições dos objetivos às alterações climáticas”.

O diplomata referiu ainda que, se Donald Trump vencer nos EUA e continuar a opor-se a acordos na área ambiental, a China deverá questionar a razão para atualizar os seus compromissos.

Toledo não identifica grandes preocupações da China quanto às eleições europeias de junho, admitindo “maior influência” futura caso se efetivem as consequências do excedente de produção chinês, ou seja a “inundação” dos mercados e da indústria na Europa por produtos chineses.

Uma incerteza que passou foram as eleições de Taiwan, já que “se esperava um tipo de atividade militar que até agora, pelo menos numa escala elevada, não se vê”.

Na sua intervenção, Toledo começou por fazer um balanço de expectativas que tinham sido traçadas para 2023 e que foram frustradas, como o regresso de turistas internacionais à China ou o fim de controlos após o levantamento das restrições à luz da pandemia Covid-19.

Para o diplomata, assiste-se a um “aumento da obsessão sobre a segurança nacional”, designadamente com os “milhões de câmaras” de reconhecimento facial.

Também ficou pelo caminho a previsão económica de “uma grande recuperação” após o Covid, justificada pelo facto de restrições e testes terem “esgotado as finanças locais” e pela crise no setor do imobiliário, que retirou importantes fontes de receita às províncias, notou.

A falta de recuperação do mercado acionista, o “colapso dos investimentos externos”, a geopolítica e as medidas governamentais integram a lista de razões para ter falhado a previsão de recuperação económica da China, acrescentou.

Segundo Toledo, para fazer face designadamente ao “colapso do imobiliário” o país investiu em fábricas, mas num contexto que inclui baixa procura e excesso de produção.

O lado positivo é que a China “passou a ser líder e tem a melhor cadeia de distribuição”, designadamente em carros elétricos e em renováveis, mas do lado oposto está uma capacidade excessiva e um colapso de preços, o que coloca a possibilidade de a China “inundar o mercado a preços incríveis” e “colocar em risco” as indústrias europeias, adiantou.

Toledo ainda referiu que se aguardam mais dados sobre o crescimento de 5,2% do PIB chinês em 2023 divulgados terça-feira, no Fórum Económico Mundial, em Davos, pelo primeiro-ministro Li Qiang.

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