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Noves fora o jogo fluido das articulações partidárias em períodos pré-eleitorais, o retorno da ex-prefeita Marta Suplicy ao PT e a indicação que será ela a vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo escancaram algo muito mais relevante e sombrio do que a euforia lulopetista deu a entender ao anunciá-la: o esvaziamento do partido no Estado e na cidade em que nasceu, há mais de 40 anos.
Oficialmente não há grandes razões para desabonar o entusiasmo do comando do PT, ao tirar tanto do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), quanto de uma candidata oposicionista como Tabata Amaral (PSB) a possibilidade de ter Marta Suplicy como aliada ou parceira de chapa. Só oficialmente. Na prática, ainda que a escolha possa gerar dividendos eleitorais, a decisão decorre justamente do estado de terra arrasada de nomes, projetos e relevância que vive o petismo em São Paulo.
Sem nomes fortes e sem chances, o PT fez valer o pragmatismo eleitoral. Primeiro, abriu mão da cabeça de chapa numa eleição-chave, algo inédito para um partido que costuma engolir aliados com a facilidade de quem acredita nas próprias virtudes acima de todas as coisas. Ademais, Marta há muito tempo não faz parte do DNA petista, e até esta semana era auxiliar do principal adversário do partido em São Paulo, o que lhe ampliava as resistências internas. Com risco de mais um fracasso iminente, o presidente Lula da Silva passou por cima dos dirigentes paulistanos e recorreu a um nome que até aqui parecia persona non grata, uma vez que Marta é tida por muitos dentro do partido como traidora ao desembarcar do PT e do apoio a Dilma Rousseff durante o impeachment da presidente.
É de um tempo distante a ideia de um PT nascido, crescido e fortalecido em São Paulo. O partido que foi formalizado em 1980 em evento no Colégio Sion, na região central da capital, hoje se encontra esvaziado pelas próprias fragilidades na sua terra de origem. Vácuo de nomes com capacidade de obter votos, desgaste de militantes históricos, saída de cena de outros (muitos dos quais flagrados em malfeitos), encastelamento da burocracia, perpetuação de lideranças que inibem a devida oxigenação, baixa popularidade em regiões periféricas da cidade e uma coleção de derrotas eleitorais significativas no Estado se somam a um problema ainda mais grave: a incapacidade de seu líder maior, o presidente Lula da Silva, de abrir espaço para nomes fortes e independentes.
Desse vício de origem nasce a palidez de nomes, que não se restringe a São Paulo. O partido enfrenta problemas similares no Rio de Janeiro, por exemplo. Mas em São Paulo o PT chegou a eleger 70 prefeitos em 2012, caiu para 8 em 2016 e apenas 4 em 2020. A bancada de deputados estaduais conseguiu crescer em 2022, na esteira da vitória de Lula nas eleições presidenciais. A de federais passou de 8 para 11. Mas, se há uma certeza no partido, é a inexistência de nomes fortes e viáveis a voos mais altos – exceção talvez a Fernando Haddad, embora não se possa dizer que seja exatamente um vitorioso nas ruas, depois de três derrotas consecutivas.
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