'Beetlejuice' estreia em SP com Eduardo Sterblitch no papel de espírito brincalhão e diabólico

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Eduardo Sterblitch pretende dizer menos palavrões na temporada paulista do musical “Beetlejuice”, que estreia no Teatro Liberdade nesta quinta-feira (22).

“Na estreia no Rio, exagerei por causa do nervosismo e falei o dobro de ofensas que já constam no texto original. Agora, até por conta da presença de crianças na plateia, vou me controlar”, promete o ator, muito à vontade no papel principal, um fantasma excêntrico e desbocado que usa métodos nada éticos para assustar as pessoas em sua busca de retornar à vida.

“Tsk, tsk”, como dizem as pessoas nas histórias em quadrinhos, difícil acreditar e, com um sorriso maroto, nem o próprio Sterblitch confia no que acabou de dizer.

Afinal, Beetlejuice é o papel talhado para seu talento, ele mesmo reconhece. “É o personagem da minha vida, utilizo todos os recursos cênicos que aprendi até agora, especialmente para improvisar e dizer palavrões de forma a não soar ofensivos”, diz o ator de 36 anos.

O musical se inspira no filme “Beetlejuice – Os Fantasmas Se Divertem”, misto de terror e comédia dirigido em 1988 por Tim Burton, cineasta simpático ao mundo dos “desajustados bondosos” (basta lembrar de “Edward Mãos de Tesoura”).

Aqui, a história é a mesma do longa: o casal Barbara e Adam Maitland (interpretados por Thais Piza e Marcelo Laham) morre em um acidente de carro, mas seus espíritos não se dão conta e continuam morando na sua adorada casa de campo.

O problema começa quando chegam os novos moradores, Charles e Delia Deetz (Joaquim Lopes e Flávia Santana) e a filha adolescente, a gótica Lydia (Ana Luiza Ferreira e Lara Suleiman se revezam no papel), que tem o dom de conversar com fantasmas. Incompetentes para espantá-los, os antigos residentes pedem ajuda ao sórdido Beetlejuice, espírito especializado em infernizar a vida dos vivos e dos mortos.

Nos Estados Unidos, “Beetlejuice” ainda é um dos poucos filmes com classificação etária PG-13 (recomendável para adolescentes a partir desta idade) a conter a palavra “fuck”, presente também no musical, que traz ainda, digamos, palavras condenáveis (cocaína, orgias, herpes, ereções, etc.), mas que, no contexto, acabam diluídas em cenas divertidas.

“Beetlejuice é o espírito sujo, diabólico, acostumado a dizer palavrões”, comenta a produtora Renata Borges, que conseguiu manter a temporada paulista graças ao sucesso da carioca. “Ao dinheiro que arrecadamos com a Lei Rouanet, cerca de R$ 5 milhões, somamos a bilheteria conquistada em 60 sessões no Rio, o que garantiu vir a São Paulo”, comenta ela, que se surpreendeu ao receber, na fase de audições, uma mensagem de Sterblitch se oferecendo para o papel.

O ator se empolgara com a opinião de amigos sobre a versão da Broadway, mas desanimou ao descobrir que o papel principal da montagem brasileira estava reservado para Alexandre Nero. “Foi quando me disseram que os testes de elenco ainda estavam acontecendo”, conta Sterblitch, que escreveu para a produtora.

Depois de receber a letra traduzida de duas canções, ele gravou áudios com sua voz sobreposta ao original americano. “Eduardo vai do grave ao agudo com extrema facilidade, além de revelar o sarcasmo próprio do personagem”, atesta o diretor Tadeu Aguiar, que adotou a tática de oferecer liberdade controlada ao ator. Consistia em deixá-lo à vontade nos ensaios, só freando quando algo ultrapassava o limite do aceitável.

“Ele é minha Marília Pêra de calças, ambos incomparáveis na capacidade de improvisação.”

“Meu canto é limitado, dentro do personagem. Eu não poderia fazer Mufasa (do “Rei Leão”) ou Peter Pan. Tenho um palhaço dentro de mim que me norteia sempre no início dos processos, seja comédia ou drama. Beetlejuice traz uma overdose de vilania, é aquele intrometido que saiu do botequim e entrou no teatro como se fosse sua casa”, diz Sterblitch, que acumula novos fãs.

“Temos muitos adoradores, só perdemos para ‘Wicked’, que seria a Juliette dos musicais enquanto nós seríamos o Gil do Vigor”, ironiza, lembrando de ex-BBBs que conquistaram famas distintas.

Ele sabe que ainda está viva a lembrança do Freddie Mercury Prateado, seu mais famoso personagem no “Pânico na TV”, programa humorístico exibido pela RedeTV! no início dos anos 2000 e que se norteava pela total anarquia, muitas vezes ultrapassando o limite do bom gosto e do aceitável.

“Graças aos números cômicos que eu fazia em um bar mexicano em São Paulo, fui convidado para participar do programa e aceitei porque eu queria ser o pop do alternativo.”

O que seria isso? No início, nem Sterblitch sabia. Começou então a inventar quadros, como o do repórter de TV que acompanha enojado o ataque da multidão ao Bolo do Bixiga e da “cobertura” que fez, completamente nu, na cama, durante a filmagem de um longa com sexo explícito. “Acompanharemos agora uma penetração anal”, narrava, em tom impassível.

Nenhuma das cenas foi ar, mas chamaram atenção do diretor do programa, Emílio Surita, que passou a incentivar aquele rapaz que entrou em uma escola de teatro aos 3 anos. Foi questão de tempo até Freddie Mercury Prateado, surgido no quadro das dançarinas Paniquetes, fazer sucesso e se firmar como atração.

Quando parecia que Sterblitch seria lembrado apenas pelo Pânico, ele surpreende ao aceitar o convite do diretor Roberto Alvim (depois secretário da Cultura do governo Bolsonaro, defenestrado ao revelar tendências nazistas) para protagonizar “O Rei do Mundo” (2018), peça inspirada no clássico “Peer Gynt”, de Ibsen.

O encenador vislumbrou no ator uma mistura do humor melancólico do ator Buster Keaton com o “quase agressivo” do artista Andy Kaufman. “Mas foi justamente o humor que faltou na montagem de Alvim”, observa Sterblitch, que continuou em busca de papéis desafiadores.

Como Sérgio, morador miliciano de um condomínio da Barra da Tijuca, no Rio, na minissérie “Os Outros” (2023), disponível na Globoplay, cuja simpatia foi inspirada em parte em um tio estelionatário, idolatrado por Sterblitch quando criança e que lhe mostrou como clonar cartão de crédito para fazer compras na internet.

Ou ainda Hermógenes, na versão modernizada de Guel Arraes para “Grande Sertão: Veredas”, que deve estrear em maio. “São vários diabos na minha carreira”, ri. “O Sérgio é o da vida real, enquanto Hermógenes é o diabo que traz a crueldade. Já Beetlejuice é o diabo brincalhão, da fantasia, do desenho animado.”

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