Almaty, Riga, Palma... Yerevan: será desta a primeira final portuguesa?
Almaty, Riga, Palma… Yerevan: será desta a primeira final portuguesa?
A festa da UEFA Futsal Champions League está ao virar da esquina. O virar de página de abril para maio traz consigo a decisão do título europeu, numa final four que pode dar bicampeão ou então um novo rei para o trono da Europa. Uma garantia é dada: a festa vai ter epicentro na Península Ibérica, de onde são oriundos os quatro semifinalistas.
Sporting, Benfica, Illes Balears Palma – campeão em título – e FC Barcelona. Dois portugueses e dois espanhóis. Duas guerras ibéricas pelos lugares no encontro decisivo, agendado para o próximo domingo. Em cima da mesa está a hipótese de, pela primeira vez na história, duas equipas portuguesas disputarem entre si a final da maior competição europeia de clubes.
A edição 2023/24 não é inédita no que a essa possibilidade diz respeito. Na verdade, as duas últimas edições podiam ter tido o mesmo desfecho, o de um dérbi da Segunda Circular na final da UEFA Futsal Champions League. Antes, há mais de dez anos, surgira a primeira hipótese de tal acontecer. Em 2024, Benfica e Sporting – os mesmos protagonistas das últimas três vezes – vão ter uma quarta chance de escrever mais uma página inédita (e dourada) na história do futsal nacional.
Outro dado curioso: nas três ocasiões anteriores em que a final podia ter sido entre águias e leões e acabou por não o ser, o campeão europeu nunca foi português. As três finais foram disputadas pelo Sporting e acabaram sempre com o emblema leonino derrotado.
2010/11: o primeiro assalto em Almaty
Abril de 2011. Benfica e Sporting viajaram para Almaty, no Cazaquistão, para disputar a fase final da, à data, denominada UEFA Futsal Cup. O programa das meias-finais colocava os leões na rota do Kairat, equipa da casa, e as águias no frente a frente com os italianos do Montesilvano. Estava aqui a primeira chance de a final da maior prova europeia de clubes ser escrita em bom português.
@UEFA
O Sporting cumpriu o seu papel e garantiu, na primeira meia-final, o bilhete para a final. Perante o anfitrião Kairat, os leões superiorizaram-se por 2-3. Divanei (25′) e Caio Japa (28′) deram vantagem em poucos minutos, mas os cazaques reagiram com golos de rajada de Léo Santana (34′ e 36′), hoje jogador do Eléctrico. Nessa reta final de loucos, o bis de Caio Japa (37′) resolveu a favor da equipa comandada por Orlando Duarte.
De seguida, o Benfica defrontou o Montesilvano. Campeão em título, depois da mítica final do Pavilhão Atlântico, o clube da Luz procurava chegar à final com o eterno rival para revalidar o troféu, mas ficou pelo caminho na penúltima barreira. Golos de Leandro Cuzzolino (23′), Cristián Borruto (35′) e Stefano Mammarella (36′) deixaram os encarnados fora da decisão e embalaram os italianos para o título europeu, consumado com uma vitória por 2-5 sobre o Sporting.
2021/22: do céu ao inferno em Riga
Segunda hipótese: Riga, abril de 2022. 11 anos depois de Almaty, Benfica e Sporting voltaram a ser os protagonistas portugueses. Mais do que nunca, a hipótese de final portuguesa esteve próxima.
Vamos por partes. O Sporting mediu forças com o ACCS, de Ricardinho, e não teve dificuldades de maior para assegurar a vitória e respetivo acesso à final. Os leões venceram por 2-6 e ficaram à espera do rival benfiquista, que tinha pela frente o poderoso FC Barcelona.
@Sporting CP
Uma primeira parte absolutamente brutal das águias deixou a final a um pequeno passo de distância. Golos de Tayebi (1′, g.p.), Rocha (9′) e Afonso Jesus (17′) colocaram o Benfica a vencer por 3-0 em tempo de descanso e muito perto de seguir em frente.
Porém, do céu ao inferno foi um passo muito pequeno: um auto-golo de André Sousa (21′) deu início a uma remontada catalã, assente em golos quase de rajada de Ferrão (31′), Pito (35′) e Dyego (37′). Num último esforço, Chishkala (38′) ainda enviou o jogo para prolongamento, onde Adolfo resolveu no último minuto (50′). Pela segunda vez, a final portuguesa escapou por entre os dedos e o Sporting saiu novamente derrotado na final, desta feita com vitória espanhola por 4-0.
2022/23: o drama de Palma
Terceira hipótese. Palma de Maiorca, maio de 2023. O Sporting cumpre com o teórico favoritismo e varre o Anderlecht, de Cristiano Marques, a 7-1. Primeiro finalista português garantido e novamente a hipótese de ter a final lusa. A bola estava, uma vez mais, do lado do Benfica.
@UEFA
Os encarnados tinham de ultrapassar o Mallorca Palma, a equipa da casa. Um festival de desperdício esteve na origem da queda (4-3) da equipa liderada por Mário Silva, mas a meia-final não terminou sem drama à mistura: no último lance da partida, o Benfica chegou ao empate, mas o video system (VS) ajudou os árbitros a decidir que a bola transpôs a linha de baliza já para lá da buzina. O golo foi invalidado, o Benfica ficou por terra e a final portuguesa voltou a não acontecer. Para além disso, o Sporting veio a perder na final para os espanhóis.
Depois de Almaty, Riga e Palma, segue-se Yerevan. Na Arménia, a ilusão de uma final entre águias e leões volta a estar presente. A separar a ilusão da realidade estão, por agora, os campeões em título e o gigante catalão. Na próxima sexta-feira decide-se se o sonho passa a realidade ou se a espera se prolonga.