O parlamento húngaro pode ratificar já na sua próxima sessão, prevista para 26 de fevereiro, a admissão da Suécia na Aliança Atlântica, anunciou o primeiro-ministro Viktor Orbán.
Durante o seu discurso do Estado da Nação, este sábado em Budapeste, Orbán considerou “boas notícias que a nossa disputa com a Suécia fique resolvida em breve”.
“No início da sessão de primavera do parlamento poderemos ratificar a adesão da Suécia à NATO”, anunciou aos seus apoiantes, acrescentado que ele e o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, adotaram medidas para “reconstruir a confiança” entre os dois países. Orbán não referiu que medidas foram essas.
A Suécia pediu a adesão à NATO em maio de 2022, dois meses depois da invasão russa da Ucrânia e numa alteração histórica da sua política de Defesa.
A Hungria é o único estado-membro da organização atlântica em falta na ratificação do pedido, que necessita aceitação unânime. A demora tem suscitado críticas generalizadas e azedou as relações entre a Hungria e os Estados Unidos.
O partido de Orbán, Fidesz, justificou as suas reticências com alegações infundadas por parte da Suécia sobre a erosão da democracia na Hungria. Já o primeiro-ministro, considerado próximo do presidente russo Vladimir Putin, tem garantido o seu apoio à adesão da Suécia, contudo a legislação tem estado a marcar passo no parlamento húngaro desde meados de 2022.
Novas leis de proteção de menores
Viktor Orbán teve uma semana difícil a nível doméstico, devido à demissão da presidente do país, da ministra da Justiça e do líder da Igreja Protestante, todos seus próximos apoiantes, em menos de uma semana. A presidente Katalin Novák e a ministra da Justiça, Judit Varga, demitiram-se há oito dias, e o bispo calvinista Zoltan Balog esta sexta-feira. Em causa, o indulto presidencial concedido ao subdiretor de um lar de jovens, condenado em 2022 por tentar encobrir a conduta abusiva do seu superior.
O escândalo levou às ruas milhares de jovens húngaros em protesto, que aproveitaram para por em causa o governo de Orbán, na
maior contestação desde o regresso ao poder do conservador de linha dura, em 2010.
O primeiro-ministro guardou a sua reação para odiscurso deste sábado, com o seu gabinete a garantir apenas nos últimos dias que Viktor Orbán tomou conhecimento do indulto pelos jornais “tal como todas as pessoas”, contrariamente às acusações da oposição.
Durante o seu discurso este sábado, o chefe do governo prometeu um novo pacote legislativo para aumentar a proteção das crianças, garantindo que “não há clemência para casos de abuso infantil”, em linha com a defesa dos valores da família, um tema fulcral nas suas políticas.
“Boas pessoas podem tomar más decisões”, acrescentou numa crítica indireta a Katallin Novák e a Judit Varga e procurando distanciar o seu executivo do escândalo e das duas demissionárias.
O bispo Zoltan Balog anunciou sexta-feira a sua demissão da liderança das igrejas protestantes húngaras, durante um sínodo convocado de emergência, admitindo que apoiou Novák na concessão do indulto ao subdiretor.
A controvérsia estalou quando a imprensa divulgou os nomes de 25 pessoas indultadas em abril de 2023 pela presidente, a qual incluía o subdiretor de uma instituição ofical de acolhimento de crianças, perto de Budapeste, que tinha sido condenado a três anos de prisão por ter forçado menores a retratarem-se das suas alegações de abuso contra o diretor da instituição.
O principal acusado está a cumprir uma sentença de oito anos de prisão.
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