Trabalhadores instalam o cabo submarino de alta velocidade SEA-ME-WE 5, em França (Boris Horvat/Getty Images)
Os danos causados aos cabos submarinos no Mar Vermelho estão a perturbar as redes de telecomunicações e a obrigar os fornecedores a reencaminhar um quarto do tráfego entre a Ásia, a Europa e o Médio Oriente, incluindo o tráfego Internet.
Cabos pertencentes a quatro grandes redes de telecomunicações foram “cortados”, causando perturbações “significativas” nas redes de comunicações no Médio Oriente, segundo a empresa de telecomunicações de Hong Kong HGC Global Communications.
A HGC calcula que 25% do tráfego entre a Ásia e a Europa, bem como o Médio Oriente, tenham sido afetados, segundo um comunicado divulgado na segunda-feira.
A empresa disse que está a redirecionar o tráfego para minimizar as perturbações para os clientes e também “a prestar assistência às empresas afetadas”, sendo que não foi relevado como foram danificados os cabos ou quem foi o responsável.
Os cabos submarinos são a força invisível que impulsiona a Internet, tendo muitos deles sido financiados nos últimos anos por gigantes da Internet como a Google, a Microsoft, a Amazon e a Meta, empresa-mãe do Facebook. Os danos causados a estas redes submarinas podem provocar interrupções generalizadas da Internet, como aconteceu após o terramoto de Taiwan em 2006.
A destruição dos cabos no Mar Vermelho ocorre semanas depois de o governo oficial do Iémen ter alertado para a possibilidade de os rebeldes Houthis atacarem aquelas infraestruturas. Os militantes apoiados pelo Irão já perturbaram as cadeias de abastecimento mundiais ao atacarem navios comerciais na via navegável crucial.
Na semana passada, a agência noticiosa israelita Globes sugeriu que os Houthis estavam por detrás dos danos causados aos cabos. O líder rebelde do Iémen, Abdel Malek al-Houthi, negou as alegações. “Não temos qualquer intenção de atacar os cabos marítimos que fornecem Internet aos países da região”, afirmou.
Desde então, o governo do Iémen tem responsabilizado as unidades militares britânicas e norte-americanas que operam na zona pelos danos, segundo um relatório publicado no sábado pela agência noticiosa estatal do país. A CNN contactou os governos do Reino Unido e dos Estados Unidos para obter comentários, mas não conseguiu contactar imediatamente o governo iemenita.
Numa declaração da semana passada, o governo iemenita sublinhou a importância de proteger os cabos submarinos e disse estar “empenhado em fornecer todas as facilidades necessárias para que esses cabos submarinos sejam reparados e mantidos”.
Entre as redes afetadas encontra-se a Ásia-África-Europa 1, um sistema de cabos de 25 mil quilómetros que liga o Sudeste Asiático à Europa através do Egipto. O Europe India Gateway (EIG) também foi danificado.
O EIG liga a Europa, o Médio Oriente e a Índia, passando por países como Portugal, em Sesimbra, e conta com a Vodafone como um dos principais investidores. A Vodafone, um grande operador de rede móvel, não quis comentar.
A empresa afirma no seu website que pode enviar tráfego Internet através de cerca de 80 sistemas de cabos submarinos que chegam a 100 países.
A maior parte das grandes empresas de telecomunicações depende de múltiplos sistemas de cabos submarinos, o que lhes permite reencaminhar o tráfego em caso de avaria para garantir um serviço ininterrupto.
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