Oito mulheres foram mortas há 30 anos quando pediam boleia. Autoridades pedem ajuda para identificar a última vítima do "Assassino da Cara Feliz"

Um esboço e desenhos com base no ADN mostram estimativas do possível aspeto da vítima de 1992 (Riverside County DA)

No início da década de 1990, o camionista de longo curso Keith Hunter Jesperson matou pelo menos oito mulheres nas suas viagens pelos Estados Unidos. Para ganhar notoriedade, enviou cartas de confissão anónimas a jornalistas e investigadores, muitas delas assinadas com caras sorridentes.

Desde a detenção de Jesperson em 1995, os investigadores de pelo menos seis Estados norte-americanos têm trabalhado para desvendar as identidades das vítimas.

Na segunda-feira, as autoridades do condado de Riverside, na Califórnia, revelaram um esboço do que descreveram como a última vítima não identificada da onda de homicídios, que também abrangeu Nebraska, Wyoming, Oregon, Washington e Florida.

Jesperson, 68 anos, confessou ter matado as mulheres e está a cumprir quatro penas de prisão perpétua na Prisão Estadual do Oregon. Como algumas das vítimas eram pessoas que viviam à margem da lei ou profissionais do sexo que não mantinham contactos regulares com as famílias, os investigadores têm tido dificuldade em identificá-las.

O corpo da mulher da Califórnia, a quem Jesperson se referia como Claudia, foi encontrado a 30 de agosto de 1992, ao longo da autoestrada 95, perto de Blythe. Mas Claudia pode não ser o seu nome verdadeiro, e a sua identidade – e a da respetiva família – permanecem desconhecidas, revelou esta semana o procurador distrital do condado de Riverside, Mike Hestrin.

O objetivo, acrescentou, é identificá-la e dar um desfecho à família.

“Esperamos devolver a identidade a esta vítima”, afirmou Hestrin numa declaração em vídeo. “Temos esperança de que alguém que ouça qualquer um destes pormenores se lembre de algo que nos possa ajudar a reunir esta mulher com a família.”

Homicida descreveu encontro com a mulher numa paragem de camiões

Um jornalista do Oregon apelidou Jesperson de “Happy Face Killer” (assassino da cara feliz), devido às suas cartas confusas que incluíam confissões sangrentas e assinaturas de caras sorridentes.

Algumas das suas vítimas permaneceram sem identificação durante décadas, mas nos últimos anos os avanços na genealogia genética forense ajudaram os investigadores a descobrir os seus nomes, utilizando o seu ADN para as ligar a familiares vivos.

Keith Hunter Jesperson, à direita, ouve o advogado Tom Phelan momentos antes de se declarar culpado das acusações de homicídio, a 18 de outubro de 1995, no Tribunal do Condado de Clark, em Vancouver, Washington (Troy Wayrynen/The Columbian/AP)

Em abril de 2022, as autoridades utilizaram a genealogia genética para identificar finalmente Patricia Skiple, de 45 anos, cujo corpo foi encontrado em 1993 perto de Gilroy, na Califórnia.

E em outubro, as autoridades da Florida identificaram uma mulher que Jesperson matou em 1994 e deixou na berma de uma autoestrada como Suzanne Kjellenberg, de 34 anos.

Num esforço renovado para descobrir a identidade de Claudia, os investigadores entrevistaram Jesperson na prisão no final do ano passado. Jesperson disse-lhes que conheceu a mulher em agosto de 1992, depois de ela o ter abordado para lhe pedir boleia numa área de verificação de travões em Victorville, Califórnia. A mulher queria ir para Los Angeles, mas ele disse-lhe que ia para o Arizona.

Jesperson disse ainda aos investigadores que ela decidiu apanhar boleia com ele e os dois pararam para comer numa área de descanso em Indio. Depois da refeição, os dois discutiram sobre dinheiro, o que levou Jesperson a matá-la.

Depois de a matar, Jesperson disse aos investigadores que a prendeu com fita adesiva à cama da sua carrinha para “evitar que ela caísse no chão… porque a estrada era difícil e tudo o que está na cama acaba por cair no chão, mais cedo ou mais tarde”. Contou ainda que depois conduziu até Blythe e esperou que escurecesse para se desfazer do corpo no mato antes de se dirigir ao seu destino em Phoenix para entregar uma carga.

O corpo da vítima foi encontrado nesta zona remota ao longo da autoestrada 95, a norte de Blythe, na Califórnia (Riverside County DA)

O corpo viria a ser encontrado numa autoestrada, a cerca de 11 quilómetros a norte de Blythe, uma pequena cidade no deserto perto da fronteira com o Arizona.

Após ter sido detido noutro caso de homicídio, Jesperson escreveu cartas a um jornal de Portland, Oregon, e aos delegados do Gabinete do Xerife do Condado de Riverside, confessando ter morto sete outras mulheres.

“Eu gostaria de contar a minha história!”, começava a carta. “Sempre quis ser notado… por isso comecei algo que não sei como parar”, continuava a missiva, seguindo-se a descrição dos ataques.

Investigadores usaram tecnologia de ADN para criar um esboço da vítima

Os investigadores revelaram que os avanços na tecnologia de ADN, combinados com os restos mortais de Claudia e a descrição do assassino, permitiram-lhes fazer um esboço da mulher.

Jesperson descreveu-a como tendo entre 20 e 30 anos de idade, cabelo louro e uma tatuagem de dois pequenos pontos no polegar direito. Tinha ligações a Las Vegas e ao sul do Nevada e parecia familiarizada com Los Angeles e arredores. Vestia uma t-shirt cinzenta com a imagem de uma mota quando o corpo foi encontrado.

Os genealogistas determinaram mais tarde que o seu pai biológico vivia no sudeste do Texas, mas já não está vivo.

“Graças aos avanços na tecnologia do ADN, estamos agora mais perto de saber quem era esta mulher e de a reunir com a sua família”, afirmou Hestrin em comunicado.

Jesperson declarou-se culpado do homicídio no condado de Riverside a 8 de janeiro de 2010. Agora, quase exatamente 14 anos depois, os investigadores esperam que o público os ajude a dar um nome ao rosto da mulher.

As autoridades pedem a qualquer pessoa que a reconheça que contacte a Linha Direta para Casos Arquivados através de telefone ou de email.

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